segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Porquê Nosso Conhecimento de Deus Está Sujeito a Revelação dEle.

"Quando se trata de conhecer a Deus, toda a iniciativa depende dEle. Se Ele não se quiser revelar, nada do que façamos nos permitirá encontrá-lo."

C. S. Lewis


É fato que a revolução que vem se desenvolvendo nestas últimas seis décadas na filosofia anglo-americana acerca da respeitabilidade intelectual da existência de Deus é algo muito entusiasmante. Temos visto que grandes filósofos das universidades mais privilegiadas, que acreditam em Deus e na Bíblia tomaram o espaço que antes era dominado por céticos como Bertrand Russel, Willard Van Orman Quine e Alfred Ayer. Dawkins, Hitchens, Dennet e Harris por outro lado não possuem nehum discurso filosófico sofisticado para a questão da existência de Deus. Não há a necessidade de muito esforço para perceber que o livro "Deus, um Delírio", a alma do neoateísmo é uma aberração sem tamanho. Nesta revolução que temos visto na filosofia cristã podemos destacar vários nomes como Alvin Plantinga da Universidade de Notre Dame e filósofos da Universidade de Oxford como Richard Swinburne, Robert Merrihew Adams, Bryan Leftow, além de outros como Peter van Inwagen, Dallas Willard e Eleonor Stump.

A nova geração de filósofos tem defendido que Deus é a melhor explicação para a origem do universo, a fina-sintonia existente no mesmo e para a existência de valores morais objetivos. É cômico que os ateus sem argumentos contrários se limitam a não considerar com uma mente aberta a explicação dada as questões que envolvem os relatos da ressurreição de Jesus e afirmam que estes mesmos argumentos podem ser utilizados para se provar a existência de qualquer Deus e não necessariamente a do cristão. Ressaltam ainda a possibilidade de um exclusivismo do verdadeiro Deus e sua aversão aos adéptos das falsas religiões como uma incoerência da afirmação do cristianismo. "Talvez seja o Juju da montanha... e ele te queime no inferno" é tudo o que eles tem a dizer ao propor um exclusivismo que não é justificado e que não condiz com a realidade.

Recentemente pude assistir a um debate entre William Lane Craig, considerado o maior apologista cristão da atualidade e Jamal Badawi, pensador islâmico e ficou notório que o segundo simplesmente distribuiu ataques ao cristianismo sem apresentar argumento nenhum de que o islamismo é verdadeiro. A questão é que o cristianismo possui uma tão perfeita solidez em nossa sociedade que tem ficado muito difícil argumentar contra ele, mesmo que ele apresente alguns problemas.

Minha pergunta consistiu em "em que estas pessoas sem qualquer evidência crêem tão firmemente em sua religião?" e pude perceber que vários cristãos estão totalmente sem conhecimento deste alvorecer da fé cristã e sujeitos a mesma realidade de outros religiosos.

O argumento mais utilizado a favor do cristianismo é o que pode-se chamar de "argumento ressurrecional". O mesmo afirma que dadas as afirmações que envolvem a morte de Jesus e as evidências para a tumba vazia, os relatos sobre as aparições post-mortem e o surgimento da crença cristã na ressurreição de Jesus mesmo diante das mais contrárias circunstâncias a explicação sobrenatural é a que possui maior plausibilidade do que as explicações alternativas naturalistas.

Alguém poderia dizer que Deus por muito tempo se ocultou propositalmente da humanidade a fim de não ser incomodado. Foi surpreendido tentando se esconder eternamente do homem, mas este em sua astúcia flagrou Deus em Seu banho matinal. O problema em tal homem dizer isto é porque torna Deus um refém do conhecimento humano quando na verdade penso que as coisas são o contrário. Para isto irei unir três conceitos diferentes: a basicalidade da crença em Deus de Alvin Plantinga, O Deus enganador de René Descartes e a Revelação de Deus proposta por Clives Stanples Lewis na frase mencionada.

Suponhamos porém, que o verdadeiro Deus seja Alá. Os islâmicos pregam que o seu Deus iludiu os cristãos sobre a figura de Jesus e por isto não há necessariamente uma contradição entre a afirmação dos cristãos e as suas:

a) a melhor explicação para o túmulo vazio, as aparições post-mortem e o surgimento do cristianismo é que Jesus ressussitou dos mortos;

b) Alá iludiu os cristãos fazendo-os pensar que Jesus é o verdadeiro Deus.

Um islâmico poderia propor o seguinte argumento:

a) Alá possui motivos moralmente justificáveis para enganar os cristãos ou permitir que estes sejam enganados;

b) As evidências apontam ilusóriamente para o cristianismo como a verdadeira religião;

c) Através de um testemunho interior eu sei que Alá é o verdadeiro Deus;

d) Comunicar-me interiormente com Alá constitui uma crença básica, independente de evidências externas e portanto racional se Alá existir.


Creio que um islâmico poderia coerentemente oferecer esta explicação a um cristão caso Alá fosse o verdadeiro Deus. Parece-me que o fato de eu não ter este alegado encontro com Alá e que o cristianismo me oferece a explicação mais simples acerca da ressurreição de Jesus e do mundo que a postura mais inteligente é simplificar problemas em lugar de optar por "explicações mais elaboradas", mas percebo que esta é uma mera forma de demonstrar que nós é que somos reféns do conhecimento divino e de Sua Revelação de Si mesmo.

Não parece-me ser uma alegação absurda se feita por um religioso já que o próprio cristianismo não nega a possibilidade de ocorrências sobrenaturais fora de sua esfera e inegavelmente afirma a existência de demônios enganadores que podem desviar do verdadeiro caminho. Outros cristãos vão além e até mesmo apelam para a vinda futura de um falso Cristo que opera os mais impressionantes sinais e milagres e nos leva a concluir que nesta perspectiva sobrenaturalidade não é prova de divindade. Não possuímos ainda um "Xeque mate" cristão nestas discussões e não acredito que haja um problema nisto.

O nosso conhecimento está intimamente ligado à Revelação divina. Deus poderia muito bem criar um mundo em que aparentemente não tivessemos qualquer evidência de sua existência e assim mesmo existir. Poderia levar-nos sempre a concluir a sua inexistência como poderia fazer-nos também pensar que 2+2 são 5 todas as vezes que nos dedicássemos aos cálculos.

Talvez, Deus não possui muita necessidade de provar a Sua existência na história da humanidade porque sabe que o homem sempre esteve inclinado ou obrigado a isto ao crer em um sentido significativo para a sua própria existência e em valores morais objetivos. Se Deus criou um buraco no coração do homem e o homem mesmo que não pudesse ver evidência para crer n'Ele se sentisse constrangido a isto não há assim uma necessidade tão grande de Deus provar-Se a não ser no interior humano.

Não devemos de maneira nenhuma, portanto, descartar o principal argumento a favor da existência de Deus que muitos tem chamado de "argumento experiêncial". A única forma segura de conhecer o Deus verdadeiro. O Deus cristão esta aberto para este encontro.

_

Nenhum comentário:

Postar um comentário