quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Exclusivismo Inconsistente

Segundo os teólogos Deus se revela de várias maneiras. Podemos encontrá-lo através da Bíblia, do Espírito Santo, de Jesus Cristo, de sonhos, de visões, etc.

O problema é que muitos destes teólogos que afirmam que Deus também se manifesta através da natureza rejeitam o fato de que as religiões possuem suas origens em um sistema contemplacionista e que estão sujeitas a revelação muito mais limitada de Deus. Existem vários religiosos não-cristãos pelo mundo que tem sinceramente buscado este ente sobrenatural em suas religiões. É absurdamente incoerente a afirmação de que todos eles não podem desfrutar de uma verdadeira intimidade com Deus e futuramente da eternidade, pois como uma pessoa pode ser tida como um mau filho ou uma má filha simplesmente porque não sabe mais informações sobre o seu Pai? Qual seria a finalidade então desta revelação natural?

Esta perspectiva cristã exclusivista da religião nos faria pensar também que um homem deve ser punido por matar outro homem quando não sabia que o que estava a espancar era um homem ou que quando lançamos várias bolinhas em suas mãos devemos cortar os seus pulsos se ele não escolher exatamente a bolinha "premiada". Não condiz com o caráter do Deus cristão a crença de que os adéptos de outras religiões deverão ser punidos simplesmente por não conhecê-Lo ou por não verem nesta vida motivos justificáveis para reconhecer Sua superioridade sobre as demais divindades. A questão desta punição ser "mais tolerante" em caso de tal ignorância ainda envolve "injustiça".

Uma das principais diferenças entre o Deus cristão e os demais deuses são os mitos que o cercam. Cristãos e pagão assim possuem simplesmente mitos divergentes acerca da divindade a que adoram, Aquele que se revela em Sua Criação.

Partindo desta perspectiva como poderemos entender a aversão bíblica as demais religiões? Talvez alguns escritores bíblicos não tenham entendido a questão por esta perspectiva ou estivessem mais preocupados em defender a superioridade do seu Deus e de seu povo sobre os demais.

Creio porém, que esta aversão seja justificável quando temos em mente que o cristianismo nos oferece uma visão mais abrangente de Deus e que as demais religiões podem levar-nos a um perigoso retrocesso em nosso conhecimento d'Ele. As outras religiões teoricamente estão mais sujetas a desenvolver hábitos estranhos. Elas podem ser um "caminho" para Deus e uma pedra de tropeço para um cristão. Esta perspectiva nos leva a tolerar a religião alheia como uma possível forma de contato com a verdadeira divindade, mas não ideal. E desejamos o contato ideal, pois a rejeição à revelação maior é um erro profundamente grave. Um Deus muito enfeitado pode deixar de ser o verdadeiro Deus e se tornar um ídolo falsamente adorado, não apenas um Deus com máscaras humanas. A natureza não nos revela apenas traços da existência de Deus, mas também traços de Seu eterno caráter.

Isto está bem longe de dizer que todas as religiões são verdadeiras e que tudo o que elas tem a oferecer é positivo e aceitável por Deus e pelo cristianismo. Nem mesmo quer dizer que todos os religiosos poderão desfrutar da bem-aventurança dos santos, pois embora muitos destes religiosos sejam irrepreensíveis dentro de sua crença seriam inconciliáveis com o novo estado. O exclusivismo é verdadeiro quando se trata da veracidade do Deus cristão e de Jesus como o Seu único Mediador.

Somos levados então a crer que o teólogo Karl Barth foi coerente ao dizer que todos os adéptos das outras religiões poderão apegar-se a Cristo e ao Seu sacrifício nesta vida ou na outra.

_

Nenhum comentário:

Postar um comentário