domingo, 21 de novembro de 2010

Familia, Liberdade e Salvação

"Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais . Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor." (Josué 24.15)

No protestantismo contemporâneo temos infelizmente visto o desenvolvimento da irracionalidade e o apego a crenças óbviamente mesquinhas e contraditórias. A teologia da saúde e da prosperidade e o carismatismo são alguns exemplos destas aberrações que iludem pessoas ingênuas e sedentas por felicidade.

O texto bíblico acima tem por muito tempo servido para confirmar a pregação de que todos os familiares dos cristãos serão salvos mais cedo ou mais tarde. Muitos líderes responsabilizam os membros de sua igreja pelo fato dos seus filhos, irmãos e pais não terem se convertido ainda. Os membros, por outro lado se sentem frustrados não sabendo se a culpa está na sua ausência de fé ou de testemunho cristão.

Muitas "Bíblias de promessas" trazem o versículo grifado como se fosse uma promessa de Deus para todos os cristãos autênticos, mas ao observarmos podemos ver que não se refere a uma promessa divina. Mesmo que fosse uma promessa de Deus para Josué e não de Josué para Deus deveríamos perceber que esta viria a ser uma promessa individual e não necessariamente aplicável a todos os demais cristãos.

Embora possuamos um dever cristão para com os nossos familiares não podemos esquecer que estes são livres para rejeitar ao apelo de Cristo. Não temos tal capacidade de "predestinar" a escolha de nossos entes queridos.

Paulo de Tarso foi um grande conhecedor deste verdade. Podemos vê-lo reconhecer a possibilidade de um cristão servir a Deus verdadeiramente enquando a sua casa o despreza. Ele mesmo diz em 1 Coríntios 7.15, 16:

"Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?"

Não devemos colocar sobre os nossos ombros responsabilidades que não possuímos para não nos sobrecarregarmos.

Não quero dizer porém, que não devemos lutar pela conversão destas pessoas. Quero dizer que devemos fazer isto tomando o cuidado de não criar falsas expectativas. Em caso de frustração, Deus e nossa nova família deverão fornecer o consolo necessário. Possuimos uma nova família composta por vários filhos de Deus espalhados pelo mundo, vivos e mortos:

"Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos. Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna." Marcos 10:28- 30.

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