quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Um Mundo Sem Deus é Melhor do Que Um Mundo Com Deus?

"Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão."

Gilbert Keith Chesterton

Creio que nós teistas não devemos nos limitar aos argumentos a favor da existência de Deus, mas defendermos também argumentos para a crença na existência de Deus.

Digo isto, porque apesar de os ateus terem sido totalmente fracos ao tratar sobre os argumentos teistas para a existência de Deus tem incoerentemente fingido que não há nenhuma implicação existêncial em questão.

Quando apelamos para o "argumento existencial" somos tidos como pessoas carentes que apelam para falácias emocionais, mas dizer que não devemos ser guiados por falsas alegações (sejam elas emocionais ou não) é dar um sentido objetivo para a existência.

Em um dos episódios do seriado Doutor House, o protagonista responde a este tipo de argumento dizendo que o que lhe importava era a verdade (nua e crua). Mas no materialismo que superioridade possui a verdade? Possuímos um dever moral para com ela?

Se a vida não possui um sentido tanto faz crer ou não crer em Deus, estar ou não estar de acordo com a verdade ou com a moralidade. O ateísmo militante é assim uma postura imbecíl e meramente emocional, pois mesmo que Deus não exista o teismo não é em nada inferior se partirmos da pregação de que uma idéia de "mundo pior" ou "mundo melhor" é simplesmente subjetiva. Não passa de uma briga para saber quem tem a razão e nada mais.

O fato de os ateus poderem viver uma vida mais "liberal", em um estilo epicurista ou imediatista não faz de sua existência mais significativa que a teista, pois se baseia em uma ilusão sem valor objetivo. O mundo somente pode ser melhor se Deus existir já que passa a ter um significado relevante:

1. Se o ateísmo é verdadeiro a vida não possui um significado objetivo;

2. Se a vida não possui um significado objetivo a alegação de que o ateísmo é superior ao teísmo ou uma forma mais significativa de viver é simplesmente subjetiva;

3. Logo, a própria veracidade do ateísmo é irrelevante para sustentar a sua superioridade.


Gosto de trabalhar com uma ilustração em que um filósofo propõe um argumento definitivo para a inexistência de Deus e seus amigos ateistas o abordam dizendo:

- Este argumento é o que procuramos desde o surgimento da humanidade!! Vamos apresentá-lo a estes teístas estúpidos e responder a pergunta mais importante da história!!

- O mundo seria melhor se Deus existisse... Saibam que o fato de eu não crer que Deus exista não quer dizer que acho isto algo agradável.

- Mas Ele não existe!!! Estavamos certos!!

- Eu sou um filósofo. Não pense que me dedico a estas brigas de ego.

- Entendo, mas esta é a verdade, a resposta definitiva a questão mais importante da humanidade!! Não seja egoísta!! Você é um pensador brilhante!!

- Se Deus não existe a vida não possui sentido algum e ninguém venceu ou pode vencer aqui. Se Deus não existe tanto faz se descobrimos isto. A filosofia e todo conhecimento não possui sentido algum. Se a vida não possui significado não há sentido em se filosofar sobre ela, tanto faz em que crêem as pessoas, ora. A filosofia morreu aqui, pois a descoberta em questão se torna sem importância.

- Podemos comemorar, amigo... Apresente este argumento ao mundo e nos tornaremos livres da opressão religiosa e de todas as suas superstições!!

- Um ateu que comemora por Deus não existir, indiretamente comemora por o estupro não ser objetivamente imoral, mas ser simplesmente um valor cultural. Este ateu indiretamente comemora o fato de a vida humana não ser em nada mais nobre do que uma pedra morta. Este tipo de ateu é como um condenado que aposta com seu parceiro de cela qual será a sua forma de morte e festeja ao saber que como havia previsto será enforcado, isto pelo simples prazer de ter a razão no final das contas.


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sábado, 25 de dezembro de 2010

Breve Comentário Sobre Lucas 16

"Esta parábola extremamente séria nasceu da zombaria dos fariseus
com relação ao ensinamento da parábola que tinham ouvido dos lábios de
Jesus (Lc 16:14). Aqueles líderes religiosos possuíam uma vida de luxo, e
viviam no amor ao dinheiro e nos prazeres que a riqueza podia comprar. No
entanto, zombaram do conselho sobre a melhor maneira de usar os bens
materiais em benefício de outras pessoas, de tal forma que conquistassem
recompensas eternas. O seu dinheiro lhes pertencia e eles não queriam
algum conselho de Jesus sobre como usá-lo corretamente. Surgiu então
essa parábola, a qual ensina sobre o terrível fim daqueles que vivem
apenas para satisfazer os seus próprios desejos, pecaminosos e egoístas.
Os "bens" (Lc 16:25) que lhes pertenciam seriam muito aproveitáveis no
mundo, mas a confiança foi traída e o resultado de uma vida, da qual eles
abusaram, levou-os ao inferno."


Fonte: Todas as Parábolas da Bíblia - Herbert Lockyer

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A Criação do Estado de Israel é Um Sinal Escatológico?

Não. Eu devo reconhecer que a criação de um Estado como a que está em questão é algo "altamente improvável", mas não vejo nenhum motivo para ver isto como um sinal escatológico. Geralmente religiosos cristãos e judeus utilizam o texto de Isaias 11 para defender a predição de tal profecia, mas considerando que os escritores bíblicos estavam introduzidos em um contexto profundamente patriótico e patriarcal não haveria nada mais normal do que apelarem para "profecias" em que Deus restauraria a Terra Prometida independente de quantas vezes ela fosse perdida.

É absurdamente provável que um povo que acredite em um Deus poderoso e nacional creia também que Ele venha um dia a reestabelecer a sua terra. O mesmo se dá em outros textos bíblicos e até mesmo em vários outros povos espalhados pelo mundo.

Uma pessoa, por exemplo, pode acreditar em uma coisa improvável e esta coisa improvável acontecer, mas isto não quer dizer que ela aconteceu necessariamente porque ela cria nisto. Uma coincidência é o que temos aqui.

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Por que os Hebreus Praticavam Sacrifícios Animais?

Sombras do porvir, superstições do povo escolhido ou ambas as coisas?

Existia um mito na Antiguidade de que o sangue era a vida de um homem ou animal. Estes ao contrário das plantas possuiam essa "vida" que por sinal levou os judeus a prática de não comer a carne de animais com o seu sangue.

Sacrifício no Judaísmo

No Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus".

Judeus medievais como Maimônides reinterpretaram a necessidade de sacrifícios. Em sua visão, Deus sempre colocava os sacrifícios abaixo de orações e da meditação filosófica. No entanto, Deus entendia que os israelitas estavam acostumados aos sacrifícios animais, que as tribos pagãs realizavam como forma de comunicação com seus deuses. Assim, na visão de Maimônides, era natural que os israelitas acreditassem que o sacrifício fosse necessário na relação entre o homem e Deus. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem. Era esperado que os israelitas passassem de sacrifícios à adoração pagã em pouco tempo.


Fonte: Wikipédia

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William Lane Craig e Os Que Nunca Ouviram o Evangelho

William Lane Craig é sem dúvida alguma o principal debatedor cristão da atualidade. Possui um histórico invejável quando o que vem em mente é o seu trabalho filosófico e o seu desempenho em debates teológico-filosóficos. É inquestionávelmente um dos meus pensadores favoritos apesar de possuir pequenas divergências com algumas teorias que ele defende.

Craig tem defendido que todos os que morrem sem a capacidade de conhecer o cristianismo estão definitivamente perdidos. Deus em Sua sabedoria sabe que estes não se converteriam ao Evangelho caso tivessem a oportunidade de fazê-lo. Assim, apelando para o molinismo ele resolve o problema dos não evangelizados.

Primeiramente deve-se lembrar que Craig é incapaz de provar isto. Não é de um fato que estamos falando, mas de uma explicação alternativa como tantas outras. Sua função é demonstrar que a questão que envolve os não evangelizados não é nenhum monstro de duas cabeças.

Em segundo lugar, não creio que tenhamos qualquer garantia de que TODOS os que não ouviram o Evangelho rejeitariam ao cristianismo caso tivessem a oportunidade de conhecê-lo. É possível que tal alegação não seja verdadeira.

Além disso, não vejo motivos para crer no seguinte silogismo:

1. João morreu;

2. Logo, Deus não mais perdoa João.

Este silogismo me mostra um conceito nonsense do amor e da misericórdia divina a não ser que se acrescente a premissa João não se arrepende.

Ao menos que alguém diga que as pessoas ao morreren não se arrependem mais ou não possuem capacidade de se arrepender prefiro não crer nesta proposta para não limitar o amor de Deus pela Sua Criação à um mero fenômeno deste. Continuo optando pelo inclusivismo não assumido de Karl Barth.

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Como Jesus Deve Ser o Nosso Modelo?

A maioria cristã crê sabiamente que toda a sua vida deve ter por base o modelo apresentado por Jesus. Muito sobre Jesus podemos saber através dos Evangelhos. Mas geralmente não pensamos em "qual sentido" Cristo deve ser o nosso modelo.

A maior parte dos valores propostos pela Bíblia não passam de valores humanos herdados e incorporados com o passar do tempo pela cultura judaico-cristã. Jesus é a mais clara luz de sobriedade das Sagradas Escrituras por Ser o próprio Deus encarnado.

A questão porém, não se limita apenas ao "o que é o que Jesus fez", mas se prolonga ao "o que é que Jesus faria" já que ele estava introduzido em um contexto histórico diferente e devido a Sua missão gozava de um limitado conhecimento do mundo que o cercava.

Esta indagação pode levar-nos a termos respostas que jamais imagináriamos possuir. Jesus, assim como nós não possuia o conhecimento de todos os mistérios do mundo e possívelmente cria em vários mitos de sua época.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Eu, Minha Virgindade e Meus Vinte e Dois Anos

Apesar de não compartilhar da mesma visão que a maioria evangélica defende, a tenho respeitado em minha postura social. Tenho que admitir que ser definido como "liberal" não é algo muito cômodo para um jovem cristão.

Creio que haja um grande erro por parte dos teólogos em dizer que segundo a Bíblia é pecado fazer sexo antes do casamento e tenho muitos motivos para pensar isto. O sexo pré-marital e a poligamia não são nenhuma "invensão do diabo" ou desvirtuamento, mas coisas simplesmente sujeitas a valores culturais. É um erro teológico opor-se aqui, pois a Bíblia não condena estas coisas.

Não podemos, porém, ignorar o valor e o impácto social de muitos de nossos atos e filosofias de vida. Devemos respeitar aqueles que se limitam a "comer legumes". Esta nossa coerência social deve ser fruto de nosso contrangimento por parte do amor ao próximo e à Igreja de Cristo. Esta minha postura não tem por interesse estimular tais práticas, mas revelar a sobriedade tão almejada em oposição ao moralismo em questão. Prova disso é que tenho me mantido virgem até hoje.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma Parábola Materialista

Imagine que você em uma de suas viagens de férias tenha com muito trabalho conseguido subir uma montanha e avistar o por-do-sol e toda a bela campina ao redor. De repente, um homem bem vestido se aproxima de você e diz friamente:

- O que você está esperando para se jogar lá embaixo?

- Me jogar? Por que deveria?

- Bem, a vida não possui nenhum significado objetivo. Tudo, até mesmo a beleza que o mundo aparenta é uma simples ilusão, ora!!

- E se ela possuir algum significado, afinal?

- Se ela tiver um significado Deus teria que existir, mas como a modernidade tem nos revelado, Ele não existe.

- E minha esposa e meus filhos?

- São um engano emocional...

- Mas, se a vida não tem nenhum significado que diferença há entre pular e não pular e crer ou não crer em Deus?

- Nenhuma, talvez... mas certamente seria algo mais coerente.

- Por que você não pula, então?

- Eu creio que tenho uma missão de popularizar o conhecimento de que a vida não tem sentido e que por isto todos deveriam se lançar daqui. Tenho feito palestras e escrito livros muito apreciados com tal finalidade.

- O conhecimento, pelo que você demonstra, parece revelar um significado para a existência. Temos um dever para com a verdade? Teria isto alguma relação com tal significado?

- Eu já disse que a vida não pode ter um significado porque Deus não existe! Esta é a verdade nua e crua!! Aceite este fato!! Esta é a verdade!!

- Desculpe, mas você tem exagerado no café, amigo. Pois não tem sido nenhum pouco coerente. Se a vida não tem sentido você não pode ter uma missão de dedicar-se a pregar isso.

- Não importa. Nada é coerente!! Pule!!

Para mim, o discurso ateísta poderia ser resumido desta simples maneira mostrada acima. Pessoas tentando provar que a vida não possui nenhum significado, mas que não crêem verdadeiramente em sua pregação. Ninguém vai me convencer a me jogar do penhasco com este tipo de argumentação.

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Sofrimento, Medo e Significado

"O único medo real do homem é o medo da ausência de significado. Se ele sofrer por algum motivo relevente não terá problema algum nisto. Se amar e possuir prazeres sem valor constrói-se o seu pesadelo."

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sábado, 4 de dezembro de 2010

A Assunção de Moisés

"Testamento (ou Assunção) de Moisés" é um livro apócrifo, que foi escrito originalmente em hebraico ou aramaico (de 3 a.C. a 30 d.C), com versões em grego e latim. De origem palestina e ambiente farisaico, procura narrar a história do mundo, em forma de profecia, desde Moisés até ao tempo do autor.

Foi descoberto por Antonio Ceriani na Biblioteca Ambrosiana de Milão, em meados do século XIX e publicado por ele em 1861. O texto está em doze capítulos e diz ser secretas profecias reveladas por Moisés a Josué antes de lhe transmitir a liderança dos Israelitas.

A disputa entre o Arcanjo Miguel e Satanás sobre o corpo de Moisés descrito neste livro, é também mencionado na epístola de Judas (1:9), embora não tenha sido atribuída a qualquer fonte específica.

Fonte: Wikipédia

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Evento Escatológico Envolvendo Uma Futura Seca do Rio Eufrates?

Geralmente os dispensacionalistas pré-tribulacionistas são os que mais ficam entusiasmados com uma notícia destas, mas não creio que ao analisar Apocalípse 16.12 e 9. 13-16 tenhamos base para tal alegação. Deve-se lembrar que o Apocalípse é um livro profundamente simbólico e que está ligado a um contexto histórico que não pode ser ignorado.

No livro escatológico o império Romano é chamado simbólicamente de Babilônia. No apogeu da antiga Babilônia, as águas, abundantes do Eufrates constituíam parte importante do sistema defensivo dela. Em 539 AEC, essas águas se secaram quando seu curso foi desviado pelo líder persa Ciro. Assim se abriu o caminho para Ciro, o persa, e Dario, o medo, os reis "do nascente do sol", entrarem em Babilônia, e a conquistarem. (Isaías 44:27-45:7; Jeremias 51:36). O mesmo deveria ocorrer com o outro império, mas simbólicamente.

Desta maneira não vejo como se basear nestes textos para alegar que a possível seca do Eufrates seria uma profecia bíblica cumprida ou um sinal do fim dos tempos.

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