Recentemente participei de um debate onde defendia o tão criticado aniquilacionismo. Minha proposta era apresentar meus argumentos contra o imortalismo universal e a favor do que eu chamo de existência moralmente aceitável.
Guiado pelo princípio de Anselmo de que Deus é o Ser que nada maior ou mais perfeito pode-se pensar tentei demonstrar que se o aniquilacionismo é uma melhor explicação para um mundo sujeito ao juízo divino do que o conceito clássico de "Juízo eterno", este deve ser falso.
Parti da tese de que não é moralmente reprovável que os maus não sejam atormentados eternamente, mas sim que os maus existam para sempre mesmo que em uma condição tida por não muito satisfatória, pois a perpetuação do pecador levá-nos inevitávelmente à perpetuação do pecado. Deve-se lembrar que é um argumento cumulativo e que a colaboração de vários fatores encaminha-nos para a afirmação de que o aniquilacionismo é uma visão mais plausível do que a visão tradicional do Juízo divino.
Creio que meus argumentos podem possuir várias formulações e gostaria apenas de apresentar algumas delas:
1. Deus ao punir os maus tem em vista um mundo moralmente perfeito;
2. A imortalidade dos pecadores implica na perpetuação da imoralidade e em um mundo moralmente imperfeito;
3. O sofrimento eterno não é a única forma de punição, nem a mais eficiente;
4. O aniquilacionismo não implica necessariamente em ausência de punição e não é em nada inferior ao imortalismo;
5. O aniquilacionismo implica em um mundo moralmente perfeito e é superior ao imortalismo;
6. O imortalismo é falso e o aniquilacionismo é a melhor explicação para o Juízo Final.
1. A Moral cristã implica na crença de que Deus tem em mente que Sua Criação deve ser moralmente responsável e moralmente perfeita;
2. O tormento eterno implica na existência de uma Criação moralmente responsável, mas não moralmente perfeita.
3. O aniquilacionismo implica na existência de uma Criação moralmente responsável e moralmente perfeita.
1. Um mundo onde o mal não existe é melhor do que um mundo onde o mal existe, exceto quando um mal é necessário para um bem ainda maior;
2. A existência do mal moral no mundo é filosoficamente justificada pela existência de um livre-arbítrio;
3. O livre-arbítrio não é filosoficamente uma justificativa suficiente para a eternidade do mal moral.
1. Existe uma lei que cerca o mundo que determina o que é e o que não é perfeito e que tem por finalidade criar um mundo moralmente perfeito;
2. O mundo em que vivemos é moralmente imperfeito porquê não está de acordo com os princípios originais de um Deus Perfeito;
3. Este Deus Perfeito prega que criará um mundo moralmente perfeito e considerando que Ele é Perfeito em compreensão e poder temos boas razões para acreditar n'Ele;
4. Se o pecador for atormentado eternamente, o pecado será perpetuado e o mundo não será moralmente perfeito mesmo que Deus tenha a eternidade feliz para os salvos;
5. Sendo a Lei de Deus perfeita deve ser imutável e não pode em certo momento ver o pecado como algo que deve ser exterminado e em outro eternizá-lo para promover o sofrimento;
7. O sofrimento não é a única, nem mesmo a melhor forma de punição;
8. A única forma de exterminar o pecado é não havendo mais quem o pratique;
9. O pecado pode ser extinguido do mundo através da conversão de um pecador e em um último caso destruindo-o para sempre;
10. A doutrina do tormento eterno não pode ser racionalmente conciliada com a doutrina de um Deus moralmente Perfeito porque um Deus moralmente Perfeito não pode tolerar a perpetuação da imoralidade.
Com os argumentos acima eu quero primeiramente afirmar que o tormento eterno dos maus implica no imortalismo universal e que o imortalismo universal implica na perpetuação do mal no mundo, inclusive a perpetuação do pecado. Em segundo lugar, eu creio que a alegação de que Deus não pode tolerar a perpetuação injustificada da imoralidade (que é algo moralmente errado) no mínimo razoável. Também me parece que Deus ao criar o homem teve o interesse em criar um mundo como uma descrição de Seu caráter e que isto não inclui apenas um mundo com seres que possuem uma responsabilidade moral, mas que também são moralmente perfeitos tendo assim que negar um forçado universalismo e o próprio imortalismo tradicional.
Sendo Deus um Ser universal não creio que possa limitar-se a um regionalismo promovendo a "suprema santidade" no céu e largando um "inferno" ao pecado. Isto O faria igual à uma dona de casa que fingindo varrer a casa esconde a sujeira embaixo do tapete, onde ninguém vê.
É importante desfazer um mal entendido no meio cristão. Caso alguém afirme que as pessoas condenadas estarão tão assombradas com o seu fim que não mais estarão possibilitadas de pecar e prolongar a imoralidade digo que não devemos restringir o pecado as práticas que envolvam ações mais elaboradas já que pode-se pecar com simples pensamentos e que a definição de pecador aqui tratada não é "aquele que peca", mas "aquele que está manchado pelo pecado".
Tratarei futuramente de possíveis problemas que envolvem a minha teoria.
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EDSON
ResponderExcluir"1. Deus ao punir os maus tem em vista um mundo moralmente perfeito;"
Ok.
"2. A imortalidade dos pecadores implica na perpetuação da imoralidade e em um mundo moralmente imperfeito;"
Falsa associação. O mundo moralmente perfeito está no Paraíso e não no inferno.
"3. O sofrimento eterno não é a única forma de punição, nem a mais eficiente;"
Eficiente com relação a que? À salvar almas?
Porque o Aniquilaionismo também não salva todas as almas.
"4. O aniquilacionismo não implica necessariamente em ausência de punição e não é em nada inferior ao imortalismo;"
Ausência de sofrimento e remorso implica em ausência de punição.
Deixar de existir é fácil pois representa a libertação da dor.
"5. O aniquilacionismo implica em um mundo moralmente perfeito e é superior ao imortalismo;"
Falso, como visto acima.
"6. O imortalismo é falso e o aniquilacionismo é a melhor explicação para o Juízo Final."
Falso, como visto acima.
EDSON
ResponderExcluir"1. A Moral cristã implica na crença de que Deus tem em mente que Sua Criação deve ser moralmente responsável e moralmente perfeita;"
Ok.
"2. O tormento eterno implica na existência de uma Criação moralmente responsável, mas não moralmente perfeita."
Errado. O mundo moralmente perfeito é o Paraíso.
"3. O aniquilacionismo implica na existência de uma Criação moralmente responsável e moralmente perfeita."
Errado. Não há responsabilidade na ausência de dor, sofrimento e remorso.
EDSON
ResponderExcluir"1. Um mundo onde o mal não existe é melhor do que um mundo onde o mal existe, exceto quando um mal é necessário para um bem ainda maior;"
Ok.
"2. A existência do mal moral no mundo é filosoficamente justificada pela existência de um livre-arbítrio;"
Ok.
"3. O livre-arbítrio não é filosoficamente uma justificativa suficiente para a eternidade do mal moral."
É suficiente sim.
Enquanto houver uma alma desejando a droga do pecado haverá justificativa suficiente para a existência do inferno.
EDSON
ResponderExcluir"1. Existe uma lei que cerca o mundo que determina o que é e o que não é perfeito e que tem por finalidade criar um mundo moralmente perfeito;"
Ok.
"2. O mundo em que vivemos é moralmente imperfeito porquê não está de acordo com os princípios originais de um Deus Perfeito;"
Ok.
"3. Este Deus Perfeito prega que criará um mundo moralmente perfeito e considerando que Ele é Perfeito em compreensão e poder temos boas razões para acreditar n'Ele;"
Ok.
"4. Se o pecador for atormentado eternamente, o pecado será perpetuado e o mundo não será moralmente perfeito mesmo que Deus tenha a eternidade feliz para os salvos;"
Falsa associação. O mundo perfeito será o Paraíso e não o inferno.
"5. Sendo a Lei de Deus perfeita deve ser imutável e não pode em certo momento ver o pecado como algo que deve ser exterminado e em outro eternizá-lo para promover o sofrimento;"
Ok.
"7. O sofrimento não é a única, nem mesmo a melhor forma de punição;"
O sofrimento é a justa retribuição pela prática do mal.
Quem pecou deve sofrer para que o penitente reforme sua vida.
Se recusar melhorar o sofrimento eterno é o seu destino apropriado.
"8. A única forma de exterminar o pecado é não havendo mais quem o pratique;"
Errado. O extermínio abre a possibilidade de uma nova rebelião nos Céus.
O inferno lembra à todos do destino horrível de quem se rebela contra Deus.
"9. O pecado pode ser extinguido do mundo através da conversão de um pecador e em um último caso destruindo-o para sempre;"
Errado. O pecado pode renascer em zilhões de anos pela falta de castigo duradouro para o mesmo.
"10. A doutrina do tormento eterno não pode ser racionalmente conciliada com a doutrina de um Deus moralmente Perfeito porque um Deus moralmente Perfeito não pode tolerar a perpetuação da imoralidade."
O inferno é precisamente a atitude de intolerância ao pecado da parte de Deus.
"Falsa associação. O mundo perfeito será o Paraíso e não o inferno."
ResponderExcluirMais ad nauseam. Um Deus universal não deve promover a perfeição moral local, mas sim universal.
"O sofrimento é a justa retribuição pela prática do mal. Quem pecou deve sofrer para que o penitente reforme sua vida. Se recusar melhorar o sofrimento eterno é o seu destino apropriado."
Mesmo que meu argumento seja indiferente a este fato você pressupõe e não justifica a alegação.
"Errado. O extermínio abre a possibilidade de uma nova rebelião nos Céus. O inferno lembra à todos do destino horrível de quem se rebela contra Deus."
Mais ad nauseam e non sequitur.
"Errado. O pecado pode renascer em zilhões de anos pela falta de castigo duradouro para o mesmo."
"O inferno é precisamente a atitude de intolerância ao pecado da parte de Deus."
Pressupõe pela centésima vez e não justifica a alegação.
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"Eficiente com relação a que? À salvar almas? Porque o Aniquilaionismo também não salva todas as almas."
ResponderExcluirE por que deveria salvar a todas? O aniquilacionismo é eficiente em destruir a imoralidade, algo que um abismo com pecadores imortais não pode fazer.
"Ausência de sofrimento e remorso implica em ausência de punição.
Deixar de existir é fácil pois representa a libertação da dor."
Ad nauseam.
"O inferno é precisamente a atitude de intolerância ao pecado da parte de Deus."
O inferno é uma crença insana de que um Deus querendo punir o mal perpetua a imoralidade e atormenta Sua própria Criação sem qualquer constrangimento enquanto os Seus escolhidos fingem que não estão vendo nada. Este modelo de deus é repulsivo e nojento!!
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EDSON
ResponderExcluir"Mais ad nauseam. Um Deus universal não deve promover a perfeição moral local, mas sim universal."
Um Deus universal deveria salvar todas as pessoas e não destruir os ímpios.
O resto do teu post é escapismo puro. Além disso vc nomeia falácias mas se esquece de exemplificar e justificar.
EDSON
ResponderExcluir"E por que deveria salvar a todas? O aniquilacionismo é eficiente em destruir a imoralidade, algo que um abismo com pecadores imortais não pode fazer."
O aniquilacionismo é ineficiente em garantir que jamais haverá outra rebelião.
"O inferno é uma crença insana de que um Deus querendo punir o mal perpetua a imoralidade e atormenta Sua própria Criação sem qualquer constrangimento enquanto os Seus escolhidos fingem que não estão vendo nada. Este modelo de deus é repulsivo e nojento!!"
Wishful thinking.
O inferno faz sentido na base de que todo ato contra Deus deve ser medido de acordo com o valor infinito de Deus. Ou seja, o pecado contra o Deus infinito requer pena eterna.
"Um Deus universal deveria salvar todas as pessoas e não destruir os ímpios."
ResponderExcluirErrou de novo. Se Este Deus deseja um mundo moralmente responsável Ele não pode criar um mundo limitado a meras máquinas e se quer um mundo moralmente perfeito não pode perpetuar a existência dos maus. Outro erro lógico.
"O resto do teu post é escapismo puro. Além disso vc nomeia falácias mas se esquece de exemplificar e justificar."
Já justifiquei uma por uma e você está fugindo deste fato já faz muitos dias.
"O resto do teu post é escapismo puro. Além disso vc nomeia falácias mas se esquece de exemplificar e justificar."
Já foi refutada. Mais mantra ad nauseam.
"O inferno faz sentido na base de que todo ato contra Deus deve ser medido de acordo com o valor infinito de Deus. Ou seja, o pecado contra o Deus infinito requer pena eterna."
Perder a Deus e o que Ele tem a oferecer é uma pena maior do que um inferno de merda, independente de termos uma total compreensão da verdadeira implicação disso!!!
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EDSON
ResponderExcluir"Errou de novo. Se Este Deus deseja um mundo moralmente responsável Ele não pode criar um mundo limitado a meras máquinas e se quer um mundo moralmente perfeito não pode perpetuar a existência dos maus. Outro erro lógico."
Erro lógico teu. Continua sendo possível que todos os perdidos possam simplesmente aceitar servir a Deus de livre e espontânea vontade.
EDSON
ResponderExcluir"Perder a Deus e o que Ele tem a oferecer é uma pena maior do que um inferno de merda, independente de termos uma total compreensão da verdadeira implicação disso!!!"
Uma perda maior? A perda de Deus só é sentida no inferno. Eu concordo que deixar de existir é uma perda, mas não uma perda digna de Deus.
"Erro lógico teu. Continua sendo possível que todos os perdidos possam simplesmente aceitar servir a Deus de livre e espontânea vontade."
ResponderExcluirEu não disse que é impossível, mas que não vejo motivos para crer nisto. Existem sim alguns teólogos que defendem a salvação de todas as pessoas e eu vejo vários problemas nesta visão, embora mesmo assim a considere. Creio também que isto é irrelevante aqui.
"Uma perda maior? A perda de Deus só é sentida no inferno. Eu concordo que deixar de existir é uma perda, mas não uma perda digna de Deus."
Não concordo. Existem várias pessoas no mundo que por rejeitarem a Deus estão sofrendo. O inferno não é necessário. E você também não pode limitar punição ao sofrimento. Parece que concordamos pelo menos na crença de que o Reino de Deus é a grande perda em questão. Tal perda não pode estar limitada a compreensão que temos dela mesmo que se fale de uma existência por toda a eternidade.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEDSON
ResponderExcluir"Não concordo. Existem várias pessoas no mundo que por rejeitarem a Deus estão sofrendo."
Assim como existem servos de Deus sofrendo. Pela tua lógica Deus seria injusto em aplicar sofrimento a seus servos.
" O inferno não é necessário. E você também não pode limitar punição ao sofrimento. Parece que concordamos pelo menos na crença de que o Reino de Deus é a grande perda em questão. Tal perda não pode estar limitada a compreensão que temos dela mesmo que se fale de uma existência por toda a eternidade."
A perda só é experimentada por quem ainda existe e está em sofrimento. De qualquer forma a perda seria mínima, e morrer seria a porta de escape dos violadores da Lei. O inferno é a perda maior, logo, é digno de Deus.
Mais falácias. Dizer que a crença no inferno é intrinsecamente necessária a fé cristã é um absurdo teológico e filosófico. Filósofos sérios não fazem isso.
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