"Não se pode provar que Deus existe. Mas se Deus existe, o crente ganha tudo (céu) e o descrente perde tudo (inferno). Se Deus não existe, o crente nada perde e o descrente nada ganha. Portanto, há tudo a ganhar e nada a perder ao acreditar em Deus.”
Recentemente são muitas as críticas que tem sido levantadas -tanto por religiosos quanto por ateus- à clássica e tão discutida aposta pascalina. Muitos crêem já tê-la refutado em sua totalidade e embora prefira trabalhar com argumentos para a existência (e não com argumentos para a crença na existência) de Deus gostaria de "aliviar" para Pascal. Tive a oportunidade de nestes últimos dias ler um destes textos ateistas que apresentam algumas destas clássicas objeções à aposta do filósofo e matemático francês.
Tanto ateus quanto teistas cristãos são unânimes em afirmar que a vida "aqui" se vive uma só vez. Outra afirmação também de ambos os partidos é que a vida é valiosa e deve ser vivida da maneira mais significativa possível. Eles divergem é sobre qual é a forma de se viver mais significativamente: teista ou ateista.
1. A vida é única, valiosa e deve ser vivida em sua plenitude;
2. A vida não pode ser desperdiçada com filosofias desorientadoras;
3. Ou o ateismo ou o teismo eleva a vida em sua forma mais plena.
Considerando o ateismo não posso concordar com parte da primeira premissa. Se Deus não existe realmente a vida humana continua sendo curta, mas este fato aliado a outro de que ela é única não faz dela mais valiosa a não ser subjetivamente falando. Se passarmos para o campo das subjetividades uma forma de vida religiosa ou "auto-negadora" também pode ser subjetivamente valiosa. Não posso crer que partindo de uma perspectiva materialista de vida que não havendo um Deus haja diferença em se crer ou não se crer nele mesmo que a religião se baseie em um teórico futuro de bem-aventuranças. Se Deus não existe uma vida religiosa é somente uma vida religiosa e qualquer frustração de que ela pode oferecer é somente uma frustração assim como uma pedra é uma pedra.
Não posso concordar também com esta última afirmação de que a religião anula um presente garantido em função de um futuro duvidoso. Primeiramente porque como já foi dito anteriormente não havendo Deus qualquer valor mais elevado de vida é simplesmente subjetivo e qualquer filosofia baseada no prazer, no imediatismo e no consumismo é ilusória. Em segundo lugar, tal pregacão de que o cristianismo nega o presente é falsa. Ele não se dedica a negá-lo, mas o vê como uma oportunidade de manifestar a glória de Deus e participar de um profundo relacionamento desfrutando de Seu amor durante todos os dias da "vida terrena". Um cristão não está somente a negar algumas de seus desejos para "entrar no céu" e não ser condenado, mas preocupado em viver dia após dia de um relacionamento Pessoal e significativo.
A grande questão é que em sua maioria, os grupos teistas e ateistas acreditam na afirmação de que a vida possui um significado objetivamente relevante e embora, muitos ateus neguem, isto não é possível sem a existência de um Deus. Se esta afirmação de que a vida transcende a mais extrema forma de materialismo for verdadeira Deus tem que existir mesmo que não possamos capacidade de conhecê-lo em Sua plenitude. Creio que baseado nisto um argumento pode ser proposto da seguinte maneira:
1. Se o ateísmo é verdadeiro a vida não possui um significado objetivo;
2. Se a vida não possui um significado objetivo a alegação de que o ateísmo é superior ao teísmo ou uma forma mais significativa de viver é simplesmente subjetiva;
3. Logo, a própria veracidade do ateísmo é irrelevante para sustentar a sua superioridade.
Podemos concluir que somente vale a pena a aposta em uma visão da vida que vai além do mero materialismo. Se o ateismo é verdadeiro e a vida não possui um significado objetivo relevante tanto faz qual aposta for feita, pois a vida possui simplesmente um valor ilusório que damos à ela. Sendo o ateísmo verdadeiro a "aposta" envolve uma mera briga para saber quem tem a razão. Se uma aposta pode ser verdadeiramente tida por melhor, esta aposta aponta inevitavelmente para o teismo.
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domingo, 19 de setembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Ateus, Moralidade e o Antigo Testamento
Muitos ateus crêem ingenuamente poder refutar a moralidade do Deus cristão apelando para as "atrocidades feitas por Ele no Antigo Testamento". Não estão sinceramente com o coração aberto para os contextos que envolvem os relatos tão desgastados em seus discursos. Realmente os ateus não querem cooperar.
Para esta objeção formulei o seguinte argumento:
1. Se nenhum Deus existe, valores morais objetivos também não existem;
2. Se valores morais objetivos existem, existe um Deus que os determina;
3. Se o Deus cristão está moralmente errado outro Deus deve estar moralmente correto;
4. Logo, o ateismo considerando as duas hipóteses continua sendo falso.
Acredito que se a afirmação de que o Deus cristão é imoral fosse verdadeira a conclusão que teriamos que aceitar é a de que a crença politeista é respeitável e a de que existe algum outro Deus superior à divindade cristã que é moralmente correto e não a de que não exista nenhum Deus bom. Se o Deus cristão está errado qual Deus está certo?
A cogitação de um Deus mal não se aplica ao monoteismo, mas apenas à uma cosmovisão politeista hierárquica. Cabe aqui ao ateu ou apegar-se à hipótese do outro Deus, abrir mão do seu "argumento moral" ou então abrir o coração para a explicação contextualizada do Antigo Testamento, pois tal alegação ateista faz do ateismo duplamente falacioso.
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Para esta objeção formulei o seguinte argumento:
1. Se nenhum Deus existe, valores morais objetivos também não existem;
2. Se valores morais objetivos existem, existe um Deus que os determina;
3. Se o Deus cristão está moralmente errado outro Deus deve estar moralmente correto;
4. Logo, o ateismo considerando as duas hipóteses continua sendo falso.
Acredito que se a afirmação de que o Deus cristão é imoral fosse verdadeira a conclusão que teriamos que aceitar é a de que a crença politeista é respeitável e a de que existe algum outro Deus superior à divindade cristã que é moralmente correto e não a de que não exista nenhum Deus bom. Se o Deus cristão está errado qual Deus está certo?
A cogitação de um Deus mal não se aplica ao monoteismo, mas apenas à uma cosmovisão politeista hierárquica. Cabe aqui ao ateu ou apegar-se à hipótese do outro Deus, abrir mão do seu "argumento moral" ou então abrir o coração para a explicação contextualizada do Antigo Testamento, pois tal alegação ateista faz do ateismo duplamente falacioso.
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Curiosidade Sobre a Versão King James
É fato sabido que a tradução Revista e Corrigida da Bíblia
foi feita comparando-se sempre o texto da tradução King James,
em Inglês, feita originalmente em 1611 por um grupo de
filólogos contratados pelo rei, daí o nome "King James", ou "rei
Tiago".
Por causa disto alguns textos excelentes bem traduzidos na
King James chegaram até nós com a mesma força. Ela é
considerada, nos países de fala inglesa, a "Authorized Version", o
que significa a tradução oficial, autorizada pela Igreja da
Inglaterra, a Igreja Anglicana, a religião oficial dos britânicos.
Enquanto isto, alguns pequenos problemas da tradução
também chegaram até nós. É o caso de Mateus 5:22: "Eu,
porém, vos digo que qualquer que, SEM MOTIVO, se encolerizar
contra seu irmão, será réu de juízo." Neste versículo existe um
desses casos: um acréscimo.
Quando o rei Tiago contratou os sábios tradutores para
traduzirem a Bíblia, seu irmão havia discordado do rei de algum
fato da corte e o rei ficou encolerizado contra ele e até mesmo
sem dirigir-lhe a palavra.
Na hora de traduzir este texto, algum bajulador real teve
uma "excelente" idéia "teológica". Semelhante àquele pintor que
retratou um rei que era cego de um olho fazendo pontaria com
uma espingarda e, por conseqüência, fechando um olho, este
sábio filósofo resolveu acrescentar a expressão "SEM MOTIVO",
para agradar ao rei, querendo dizer que, desde que haja um
motivo, podemos nos encolerizar contra o irmão. É claro que a
aludida expressão não se encontra no original.
Quanta irreverência diante do texto sagrado!
Você já viu alguém ficar encolerizado com outro sem
motivo?
As versões RV e TB e tiraram completamente o malfadado
acréscimo, enquanto que a RA, sempre cautelosa, colocou a
bajulação real entre colchetes.
Fonte: O Que a Bíblia Não Diz, de Paulo de Aragão Lins
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foi feita comparando-se sempre o texto da tradução King James,
em Inglês, feita originalmente em 1611 por um grupo de
filólogos contratados pelo rei, daí o nome "King James", ou "rei
Tiago".
Por causa disto alguns textos excelentes bem traduzidos na
King James chegaram até nós com a mesma força. Ela é
considerada, nos países de fala inglesa, a "Authorized Version", o
que significa a tradução oficial, autorizada pela Igreja da
Inglaterra, a Igreja Anglicana, a religião oficial dos britânicos.
Enquanto isto, alguns pequenos problemas da tradução
também chegaram até nós. É o caso de Mateus 5:22: "Eu,
porém, vos digo que qualquer que, SEM MOTIVO, se encolerizar
contra seu irmão, será réu de juízo." Neste versículo existe um
desses casos: um acréscimo.
Quando o rei Tiago contratou os sábios tradutores para
traduzirem a Bíblia, seu irmão havia discordado do rei de algum
fato da corte e o rei ficou encolerizado contra ele e até mesmo
sem dirigir-lhe a palavra.
Na hora de traduzir este texto, algum bajulador real teve
uma "excelente" idéia "teológica". Semelhante àquele pintor que
retratou um rei que era cego de um olho fazendo pontaria com
uma espingarda e, por conseqüência, fechando um olho, este
sábio filósofo resolveu acrescentar a expressão "SEM MOTIVO",
para agradar ao rei, querendo dizer que, desde que haja um
motivo, podemos nos encolerizar contra o irmão. É claro que a
aludida expressão não se encontra no original.
Quanta irreverência diante do texto sagrado!
Você já viu alguém ficar encolerizado com outro sem
motivo?
As versões RV e TB e tiraram completamente o malfadado
acréscimo, enquanto que a RA, sempre cautelosa, colocou a
bajulação real entre colchetes.
Fonte: O Que a Bíblia Não Diz, de Paulo de Aragão Lins
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O Que é o Batismo Com Fogo?
Mateus 3,11:
Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhes as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Lucas 3,16:
João tomou a palavra e disse a todos: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele vos batizatá com o Espírito Santo e com o fogo”.
A maioria dos evangélicos (em especial os pentecostais) interpreta o batismo com fogo citado por João Batista como um simbolo do revestimento do Espírito Santo. Para eles este fogo possui alguma relação com o fenômeno do Pentecostes descrito no livro de Atos. O problema desta interpretação é que ela desrespeita alguns princípios básicos da leitura crítica. Primeiramente fica bem nítido que esta explicação é redundante e desconsidera o contexto do discurso de João Batista. Além disso, o texto claramente distingue as duas formas de batismo ao colocar ele vos batizatá com o Espírito Santo(1) e com o fogo (2). Esta distinção percebida na linguagem utilizada é o suficiente para concluirmos que se trata de uma proposta dualista, mas não temos ainda a resposta para a pergunta o que é o batismo com fogo?.
O contexto de Mateus 3.7-12 nos pode esclarecer muitas coisas:
"E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.
E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.
Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará."
Identificando o seu público-alvo fica mais fácil compreender o que João Batista queria dizer com tal expressão. Ele se dirige a dois grupos também distintos. De um lado temos pessoas convertidas à sua mensagem e de outro temos fariseus e saduceus como um simbolo de hipocrisia religiosa. Fica claro que ele ao falar sobre o batismo no fogo está fazendo uma referência ao fogo do Juizo Final. A mensagem que nos é transmitida é que os que aceitarem Jesus como o Messias receberiam o batismo com o Espirito Santo e os que o rejeitarem receberão o castigo do Juizo, ou seja o batismo com fogo.
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Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhes as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Lucas 3,16:
João tomou a palavra e disse a todos: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele vos batizatá com o Espírito Santo e com o fogo”.
A maioria dos evangélicos (em especial os pentecostais) interpreta o batismo com fogo citado por João Batista como um simbolo do revestimento do Espírito Santo. Para eles este fogo possui alguma relação com o fenômeno do Pentecostes descrito no livro de Atos. O problema desta interpretação é que ela desrespeita alguns princípios básicos da leitura crítica. Primeiramente fica bem nítido que esta explicação é redundante e desconsidera o contexto do discurso de João Batista. Além disso, o texto claramente distingue as duas formas de batismo ao colocar ele vos batizatá com o Espírito Santo(1) e com o fogo (2). Esta distinção percebida na linguagem utilizada é o suficiente para concluirmos que se trata de uma proposta dualista, mas não temos ainda a resposta para a pergunta o que é o batismo com fogo?.
O contexto de Mateus 3.7-12 nos pode esclarecer muitas coisas:
"E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.
E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.
Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará."
Identificando o seu público-alvo fica mais fácil compreender o que João Batista queria dizer com tal expressão. Ele se dirige a dois grupos também distintos. De um lado temos pessoas convertidas à sua mensagem e de outro temos fariseus e saduceus como um simbolo de hipocrisia religiosa. Fica claro que ele ao falar sobre o batismo no fogo está fazendo uma referência ao fogo do Juizo Final. A mensagem que nos é transmitida é que os que aceitarem Jesus como o Messias receberiam o batismo com o Espirito Santo e os que o rejeitarem receberão o castigo do Juizo, ou seja o batismo com fogo.
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terça-feira, 7 de setembro de 2010
Ateismo, Evolucionismo e uma Falsa Dicotomia
A falácia da falsa dicotomia (também pode ser chamada de falácia de falso dilema, falácia de pensamento preto e branco, ou falácia de falsa bifurcação), descreve uma situação em que dois pontos de vista alternativos - freqüentemente, mas não necessariamente, dois extremos de um espectro de possibilidades - são colocados como sendo as únicas opções, quando na realidade existe uma ou mais opções que não foram consideradas.
É de entristecer a ausência de pensamento crítico em alguns grupos (sejam eles ateistas ou religiosos) quando nos é proposta aquela velha ladainha:
1. Ou Deus existe ou o evolucionismo é verdadeiro;
2. O evolucionismo é verdadeiro;
3. Logo, Deus não existe.
A afirmação de que o teismo e a teoria evolucionista são incompatíveis não pode ser logicamente justificada. Primeiramente a evolução é irrelevante para a veracidade do teismo propriamente dito já que os naturalistas tem fracassado ao tentar demonstrar que Deus é uma figura descartável no processo evolutivo mantendo a possibilidade do mesmo ser apenas um meio pelo qual Ele trabalha.
Em segundo lugar, não vejo problemas em abrir mão da doutrina da inerrância bíblica para afirmar que tendo sido a pergunta "de onde viemos?" uma pergunta inquietante para os escritores bíblicos possa em muito tê-los guiado ao desenvolvimento de explicações mitológicas das origens, afinal todos os demais grupos religiosos possuiam suas explicações para a origem do mundo forçando-os a fazer o mesmo.
O fato de os povos primitivos terem criado vários mitos da Criação não implica no fato de que Deus não exista ou de que não seja o Criador do universo. Deus pode Ser o Guia por tráz da evolução biológica das espécies já que a própria idéia de "evolução" torna a teoria de casualidade absurdamente falsa.
Por isso, não posso concordar com a tola pregação de que o evolucionismo é necessáriamente uma explicação naturalista simplesmente por ir contra os mitos criados por este povos limitados em seus tempos sobre os seus conhecimenos acerca do mundo.
Qualquer dúvida que venha a ser levantada sobre o evolucionismo biológico é simplesmente científica e não sobre a veracidade da inspiração bíblica já que sua mensagem consiste essêncialmente na afirmação de que Deus existe e de que todos os seres vivos existem debaixo de Seu Propósito. A afirmação de que o evolucionismo é verdadeiro não derruba a hipótese Deus assim como não o fazem as demais leis da natureza, tornando-se simplesmente mais uma de suas leis. O teismo cristão assim, não está irremediávelmente comprometido com uma Criação de 6 dias literais.
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É de entristecer a ausência de pensamento crítico em alguns grupos (sejam eles ateistas ou religiosos) quando nos é proposta aquela velha ladainha:
1. Ou Deus existe ou o evolucionismo é verdadeiro;
2. O evolucionismo é verdadeiro;
3. Logo, Deus não existe.
A afirmação de que o teismo e a teoria evolucionista são incompatíveis não pode ser logicamente justificada. Primeiramente a evolução é irrelevante para a veracidade do teismo propriamente dito já que os naturalistas tem fracassado ao tentar demonstrar que Deus é uma figura descartável no processo evolutivo mantendo a possibilidade do mesmo ser apenas um meio pelo qual Ele trabalha.
Em segundo lugar, não vejo problemas em abrir mão da doutrina da inerrância bíblica para afirmar que tendo sido a pergunta "de onde viemos?" uma pergunta inquietante para os escritores bíblicos possa em muito tê-los guiado ao desenvolvimento de explicações mitológicas das origens, afinal todos os demais grupos religiosos possuiam suas explicações para a origem do mundo forçando-os a fazer o mesmo.
O fato de os povos primitivos terem criado vários mitos da Criação não implica no fato de que Deus não exista ou de que não seja o Criador do universo. Deus pode Ser o Guia por tráz da evolução biológica das espécies já que a própria idéia de "evolução" torna a teoria de casualidade absurdamente falsa.
Por isso, não posso concordar com a tola pregação de que o evolucionismo é necessáriamente uma explicação naturalista simplesmente por ir contra os mitos criados por este povos limitados em seus tempos sobre os seus conhecimenos acerca do mundo.
Qualquer dúvida que venha a ser levantada sobre o evolucionismo biológico é simplesmente científica e não sobre a veracidade da inspiração bíblica já que sua mensagem consiste essêncialmente na afirmação de que Deus existe e de que todos os seres vivos existem debaixo de Seu Propósito. A afirmação de que o evolucionismo é verdadeiro não derruba a hipótese Deus assim como não o fazem as demais leis da natureza, tornando-se simplesmente mais uma de suas leis. O teismo cristão assim, não está irremediávelmente comprometido com uma Criação de 6 dias literais.
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Os Saduceus
Nome de um partido oposto à seita dos fariseus. Compunha-se de um número comparativamente reduzido de homens educados, ricos e de boa posição social. A julgar pela sua ortografia, a palavra saduceu deriva-se de Zadoque, que em grego se escrevia Sadouk. Dizem os rabinos que o partido tirou o nome de Zadok, seu fundador, que viveu pelo ano 300 A. C. Porém, compondo-se este partido de elementos da alta aristocracia sacerdotal, crê-se geralmente que o nome Zadoque se refere ao sacerdote de igual nome que oficiava no reinado de Davi, e em cuja família se perpetuou a linha sacerdotal até a confusão política na época dos Macabeus. Os descendentes deste Zadoque tinham o nome de zadoquitas ou saduceus.
Em oposição aos fariseus, acérrimos defensores das tradições dos antigos, os saduceus limitavam o seu credo às doutrinas que encontravam no texto sagrado. Sustentavam que só a palavra da lei escrita os obrigava, defendiam o direito do juizo privado na interpretação da lei; cingiam-se à letra das escrituras mesmo nos casos mais severos da administração da justiça. Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes pontos (1) Negavam a ressurreição e juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo Mt 22. 23-33; At 23. 8; (2) Negavam a existência dos anjos e dos espíritos, At 23. 8; (3) Negavam o fatalismo em defesa do livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações estão sujeitas ao poder da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons; que os males que sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém nos atos de nossa vida, quer sejam bons, quer não. Negavam a imortalidade e a ressurreição, baseando-se na ausência destas doutrinas na lei mosaica, não defendiam a fé patriarcal na existência do sheol, não só por não se achar bem defendida, como por não conter os germes das doutrinas bíblicas acerca da ressurreição do corpo e das recompensas futuras. Não se pode negar que os patriarcas criam na existência futura da alma além da morte. Negando a existência da alma e dos espíritos, os saduceus entravam em conflito com a angelogia do Judaísmo elaborada no seu tempo, e ainda iam ao outro extremo: não se submetiam ao ensino da lei, Ex 3.2; 14.19. A principio, provavelmente, davam relevo à doutrina a respeito da Interferência divina nas ações humanas, punindo-as ou recompensando-as neste mundo, de acordo com seu caráter moral. Se realmente ensinavam, como afirma Josefo, que Deus não intervém em nossos atos, bons ou maus, repudiavam os ensinos claros da lei de Moisés em que professavam crer, Gn 3. 17; 4.7; 6.5-7. É possível que começassem negando as doutrinas expressamente ensinadas na letra da Escritura. E, rendendo-se à influência da filosofia grega, adotaram os princípio, aristotélicos, recusando-se a aceitar qualquer doutrina que não pudesse ser provada pela razão pura.
Quanto à origem e desenvolvimento dos saduceus, Schurer é de parecer que a casa sacerdotal de Zadoque, que estava à testa dos negócios da Judéia no quarto e terceiro século A. C. quando sob o domínio persa e grego, começou, talvez inconscientemente, a colocar a política acima das considerações religiosas. No tempo de Esdras e de Neemias, a família do sumo sacerdote era mundana e inclinada a consentir na junção de judeus com os gentios. No tempo de Antíoco Epifanes, grande número de sacerdotes amava a cultura grega, entre eles contavam-se os sumos sacerdotes Jasom, Menelau e Alcimus. O povo postou-se ao lado dos Macabeus para defender a pureza da religião de Israel. Quando este partido triunfou, os Macabeus tomaram conta do sacerdócio e obrigaram os zadoquitas a se retirarem para as fileiras da política, onde continuaram a desprezar os costumes e as tradições dos antigos e a favorecer a cultura e a civilização grega. João Hircano, Aristóbulo e Alexandre Janeu, 135-78 A. C. deram apoio aos saduceus, de modo que a direção dos negócios políticos estava. em grande parte em suas mãos, durante o domínio dos romanos e de Herodes, visto serem os sacerdotes deste período, membros da seita doa saduceus, At 5. 17. Os saduceus, e assim mesmo os fariseus, que iam ao encontro de João Batista no deserto, foram por ele denominados raça de víboras, Mt 3. 7. Unidos aos fariseus, pediram a Jesus que lhes fizesse ver algum prodígio do céu, Mt 16. 1-4. Contra estas duas seitas, Jesus preveniu a seus discípulos. Os saduceus tentaram a Jesus, propondo-lhe um problema a respeito da ressurreição. A resposta de Jesus reduziu-os ao silêncio. Ligaram-se com os sacerdotes e com o magistrado do templo para perseguirem a Pedro e a João, At 4.1-22. Tanto os fariseus como os saduceus achavam-se no sinédrio, quando acusavam a Paulo, que, aproveitando-se das suas divergências de doutrina, habilmente os atirou uns contra os outros.
Fonte: Dic. da Bíblia John Davis
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Em oposição aos fariseus, acérrimos defensores das tradições dos antigos, os saduceus limitavam o seu credo às doutrinas que encontravam no texto sagrado. Sustentavam que só a palavra da lei escrita os obrigava, defendiam o direito do juizo privado na interpretação da lei; cingiam-se à letra das escrituras mesmo nos casos mais severos da administração da justiça. Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes pontos (1) Negavam a ressurreição e juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo Mt 22. 23-33; At 23. 8; (2) Negavam a existência dos anjos e dos espíritos, At 23. 8; (3) Negavam o fatalismo em defesa do livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações estão sujeitas ao poder da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons; que os males que sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém nos atos de nossa vida, quer sejam bons, quer não. Negavam a imortalidade e a ressurreição, baseando-se na ausência destas doutrinas na lei mosaica, não defendiam a fé patriarcal na existência do sheol, não só por não se achar bem defendida, como por não conter os germes das doutrinas bíblicas acerca da ressurreição do corpo e das recompensas futuras. Não se pode negar que os patriarcas criam na existência futura da alma além da morte. Negando a existência da alma e dos espíritos, os saduceus entravam em conflito com a angelogia do Judaísmo elaborada no seu tempo, e ainda iam ao outro extremo: não se submetiam ao ensino da lei, Ex 3.2; 14.19. A principio, provavelmente, davam relevo à doutrina a respeito da Interferência divina nas ações humanas, punindo-as ou recompensando-as neste mundo, de acordo com seu caráter moral. Se realmente ensinavam, como afirma Josefo, que Deus não intervém em nossos atos, bons ou maus, repudiavam os ensinos claros da lei de Moisés em que professavam crer, Gn 3. 17; 4.7; 6.5-7. É possível que começassem negando as doutrinas expressamente ensinadas na letra da Escritura. E, rendendo-se à influência da filosofia grega, adotaram os princípio, aristotélicos, recusando-se a aceitar qualquer doutrina que não pudesse ser provada pela razão pura.
Quanto à origem e desenvolvimento dos saduceus, Schurer é de parecer que a casa sacerdotal de Zadoque, que estava à testa dos negócios da Judéia no quarto e terceiro século A. C. quando sob o domínio persa e grego, começou, talvez inconscientemente, a colocar a política acima das considerações religiosas. No tempo de Esdras e de Neemias, a família do sumo sacerdote era mundana e inclinada a consentir na junção de judeus com os gentios. No tempo de Antíoco Epifanes, grande número de sacerdotes amava a cultura grega, entre eles contavam-se os sumos sacerdotes Jasom, Menelau e Alcimus. O povo postou-se ao lado dos Macabeus para defender a pureza da religião de Israel. Quando este partido triunfou, os Macabeus tomaram conta do sacerdócio e obrigaram os zadoquitas a se retirarem para as fileiras da política, onde continuaram a desprezar os costumes e as tradições dos antigos e a favorecer a cultura e a civilização grega. João Hircano, Aristóbulo e Alexandre Janeu, 135-78 A. C. deram apoio aos saduceus, de modo que a direção dos negócios políticos estava. em grande parte em suas mãos, durante o domínio dos romanos e de Herodes, visto serem os sacerdotes deste período, membros da seita doa saduceus, At 5. 17. Os saduceus, e assim mesmo os fariseus, que iam ao encontro de João Batista no deserto, foram por ele denominados raça de víboras, Mt 3. 7. Unidos aos fariseus, pediram a Jesus que lhes fizesse ver algum prodígio do céu, Mt 16. 1-4. Contra estas duas seitas, Jesus preveniu a seus discípulos. Os saduceus tentaram a Jesus, propondo-lhe um problema a respeito da ressurreição. A resposta de Jesus reduziu-os ao silêncio. Ligaram-se com os sacerdotes e com o magistrado do templo para perseguirem a Pedro e a João, At 4.1-22. Tanto os fariseus como os saduceus achavam-se no sinédrio, quando acusavam a Paulo, que, aproveitando-se das suas divergências de doutrina, habilmente os atirou uns contra os outros.
Fonte: Dic. da Bíblia John Davis
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Como Explicar os Exorcismos de Jesus Se o Diabo não existe?
1. Jesus praticava o exorcismo e cria na existência de demônios;
2. Os demônios não existem;
3. Jesus possuia simultaneamente uma natureza humana e outra divina;
4. Jesus em sua natureza divina é onisciente;
5. A natureza humana de Jesus lhe concedia um conhecimento limitado do mundo;
6. A crença de Jesus em demônios se baseava em sua natureza humana limitada;
7. As crenças de que Jesus é divino e a de que os demônios não existem podem ser satisfatóriamente conciliadas devido à sua dupla natureza.
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2. Os demônios não existem;
3. Jesus possuia simultaneamente uma natureza humana e outra divina;
4. Jesus em sua natureza divina é onisciente;
5. A natureza humana de Jesus lhe concedia um conhecimento limitado do mundo;
6. A crença de Jesus em demônios se baseava em sua natureza humana limitada;
7. As crenças de que Jesus é divino e a de que os demônios não existem podem ser satisfatóriamente conciliadas devido à sua dupla natureza.
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sábado, 4 de setembro de 2010
Acerca do "Aniquilacionismo Moderado"
Existe uma grande briga no meio cristão. Teólogos e filósofos trocam suas farpas quando o assunto é o estado do indivíduo após a morte. Quando falamos da Bíblia nos surgem logo à mente narrativas que são "constrangedoras" para ambos os lados. Vários textos, contextos e teorias são propostas neste assunto tão complexo. Qual foi realmente a crença do Jesus histórico sobre o pós-morte? Não vou dar aqui explicações sobre como se deve interpretar o que Jesus disse ao ladrão na cruz ou o que este queria transmitir com a narrativa do rico e Lázaro. Farei isto em outra oportunidade.
Para ser mais curto quando trato deste assunto com inerrantistas e não ter que gastar tempo a analisar contextos "constrangedores" para a minha crença nesta doutrina tão combatida que chamam popularmente de sono da alma apresento este argumento. Me parece que todo meu argumento mostra-se totalmente suficiente para derrubar muitas destas objeções, mas deve-se lembrar que ele se sustenta na alegação teológica de que a Bíblia é inerrante, algo em que não creio. O apresento logo abaixo:
1. Paulo era um profundo conhecedor da doutrina de Jesus;
2. Paulo cria que Jesus era o Messias;
3. Paulo era claramente aniquilacionista;
4. Logo, o aniquilacionismo é verdadeiro.
Creio que os imortalistas concordem comigo quando o que está em questão são as duas primeiras premissas, mas discordam totalmente das minhas afirmações de que Paulo era aniquilacionista e de que este tipo de aniquilacionismo seja verdadeiro. Elas partem da conclusão de que Paulo era aniquilacionista, depois da afirmação de que Jesus pregou o aniquilacionismo eu concluo que o aniquilacionismo é verdadeiro. Existem realmente várias formas de aniquilacionismos, mas isto não vem ao caso. Seria uma perda de tempo neste momento.
Gostaria, entretanto, de fazer uma curta análise das minhas premissas e explicar o porquê delas. Por que escolhi Paulo e não outro escritor bíblico? Primeiramente porquê Paulo era um profundo e muito influente conhecedor da doutrina de Jesus (1), o que é mais claro sobre o problema da morte e o que mais trata sobre esta questão. Embora não tenha tido a mesma relação que os outros apóstolos tiveram com Jesus, Paulo foi o que melhor entendeu sua mensagem. Paulo teve também um profundo relacionamento com os discípulos de Jesus e por isto é bem plausível que ele era conhecedor das afirmações de Jesus que dão vazão a um aparente imortalismo.
Em segundo lugar Paulo cria que Jesus era o Messias (2) e sendo conhecedor de Sua doutrina acerca do pós-morte é bem improvável que ele fosse contra a pregação de seu Mestre. Paulo cria que Jesus era Aquele que revela todos os mistérios, até mesmo quando falamos da morte. Se as pregações de Jesus fossem claramente imortalistas seria totalmente improvável que o apóstolo dos gentios fosse contra elas. Isto seria ir contra a divindade de Cristo. O mesmo se dá se Cristo fosse aniquilacionista. Se Jesus pregasse a ressurreição total do indivíduo dificilmente haveria no discurso paulino algo contra este ensino. A conclusão é que Paulo não possuia motivos para negar uma doutrina de Jesus. Além disso, é necessário reconhecer que todas as narrativas atribuidas a Jesus utilizadas por aqueles que crêem na imortalidade da alma são obscuras e nos permitem mais do que uma leitura. Mesmo que esta idéia do "discípulo rebelde" for cogitada é coerente supor que haveria uma certa aversão por parte dos demais apóstolos de Jesus.
Quanto a minha (polêmica, mas antiga e irritante) afirmação de que Paulo não cria nesta imortalidade natural (3) posso utilizar textos que demonstram isto claramente. São textos que não nos permitem leituras alternativas sem gerar um certo desconforto independente da doutrina da inerrência bíblica ou da hermenêutica forem colocadas em questão. Pode-se dizer resumidamente que Paulo via à morte como um problema e os cristãos atuais a vêem como uma amante.
Oscar Cullmann, protestante francês escreveu no seu livro Immortalité de l’âme ou Résurrection des morts? (Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos?):
"Há uma diferença enorme entre a expectativa cristã da ressurreição dos mortos e a crença grega na imortalidade da alma. . . . Embora o cristianismo mais tarde conciliasse essas duas crenças e hoje o cristão mediano confunda-as completamente, não vejo motivo para se ocultar o que eu e a maioria dos eruditos consideramos ser a verdade. . . . A vida e o teor do Novo Testamento estão totalmente dominados pela fé na ressurreição. . . . O homem inteiro que está realmente morto é trazido de volta à vida por um novo ato criativo de Deus."
Embora, eu discorde de Cullmann em alguns pontos não posso negar assim como vários outros teólogos cristãos não negaram e não negam que a expectativa cristã pela ressurreição descrita na Bíblia descarta totalmente a possibilidade de uma crença na imortalidade natural dos cristãos por parte daqueles que mantiveram tal esperança.
Devemos entender que estamos falando sobre hermenêutica, uma ciência que trata da interpretação dos textos. Ela tem sido utilizada pelos teólogos para se conseguir entender os textos bíblicos. Entre as regras principais desta ciência podemos destacar:
1. O texto deve ser interpretado no seu contexto e nunca isoladamente;
2. Deve-se buscar a intenção do escritor, e não interpretar a intenção do autor;
3. A análise do idioma original (hebraico, aramaico, grego comum) é importante para se captar o melhor sentido do termo ou as suas possíveis variantes;
4. O intérprete jamais pode esquecer os fatos históricos relacionados com o texto ou contexto, bem como as contribuições dadas pela geografia, geologia, arqueologia, antropologia, cronologia, biologia, etc.
Jesus, Paulo e os Saduceus
Creio que os saduceus compõem um grupo muito importante ao tratarmos da crença do Jesus histórico. Não podemos esquecer que estes negavam a ressurreição e o juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo Mt 22. 23-33, At 23. 8, negavam também a existência dos anjos e dos espíritos, At 23. 8. Jesus discorda dos saduceus acerca da ressurreição e dos anjos, mas não do aniquilacionimo. Ele afirma que o estado de gozo não está no pós-morte, mas na ressurreição.
Mateus 22
23. Naquele mesmo dia, os saduceus, que negavam a ressurreição, interrogaram-no:
24. Mestre, Moisés disse: Se um homem morrer sem filhos, seu irmão case-se com a sua viúva e dê-lhe assim uma posteridade (Dt 25,5).
25. Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu. Como não tinha filhos, deixou sua mulher ao seu irmão.
26. O mesmo sucedeu ao segundo, depois ao terceiro, até o sétimo.
27. Por sua vez, depois deles todos, morreu também a mulher.
28. Na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, uma vez que todos a tiveram?
29. Respondeu-lhes Jesus: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus.
30. Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu.
31. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse:
32. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3,6)? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos.
33. E, ouvindo esta doutrina, as turbas se enchiam de grande admiração.
Geralmente alguns imortalistas tentam defender a sua doutrina apelando para os versículos 32 e 33 ou até mesmo para os versículos 37 e 38 do capítulo 20 do Evangelho de Lucas, mas não devemos ignorar o contexto da discussão que envolve Jesus e os saduceus. Jesus está simplesmente transcendendo a perspectiva de que os patriarcas hebreus estavam fadados à morte. O Evangelho de Lucas deixa claro que Jesus ao dizer que eles são considerados "vivos para Deus" quer revelar o status dos mortos salvos porque ressussitarão no último Dia:
"E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos." A mesma linguagem podemos notar em João 11. 26 quando Jesus veio a dizer "e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?". É interessante que Jesus não ensina que todos os mortos "jamais morrerão", mas que apenas os crêem e são herdeiros do Seu Reino.
Um outro possível sinal de que Jesus cria em uma espécie de aniquilacionismo pode-se perceber em João 11. 25: "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá".
Quando falamos sobre a narrativa do rico e Lázaro uma análise competente irá concluir que se trata de uma linguagem simbólica assim como muitas outras utilizadas nas parábolas de Jesus, pois a mesmo apresenta a ressurreição como a forma padrão de se permitir um contato entre os vivos e os que morreram. Lucas 16. 29 diz: "Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite." Alguém pode criar uma explicação alternativa a esta interpretação, mas já que se trata de uma explicação cumulativa acredito que é muito mais coerente.
É interessante olharmos também para o texto de Atos pelo fato dele ser uma continuidade do Evangelho de Lucas, livro que possui alguns relatos utilizados por imortalistas inerrantistas para defender a possibilidade do imortalismo. A divisão dos dois escritos é posterior para a finalidade de distinguir a história de Jesus e a história da Igreja. O livro de Atos já nos apresenta um Paulo aniquilacionista:
Atos 23:
6. Paulo sabia que uma parte do Sinédrio era de saduceus e a outra de fariseus e disse em alta voz.: Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus. Por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos é que sou julgado.
7. Ao dizer ele estas palavras, houve uma discussão entre os fariseus e os saduceus, e dividiu-se a assembléia.
8. (Pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus admitem uma e outra coisa.)
Mais sinais inegáveis do aniquilacionismo paulino:
Romanos 8:
1. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
2. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
11. Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.
1 Coríntios 15
16. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
18. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.
19. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
26. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
29. Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?
32. Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
51. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;
52. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
54. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.
2 Timóteo4
6. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado.
7. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
Dada a pregação paulina daquilo que pode ser chamado de mortalismo cristão ao tomarmos em conta relatos imortalistas como as aparições de Samuel a Saul e de Moisés a Jesus como históricos e interpretarmos também literalmente a promessa de Jesus ao ladrão da cruz o máximo que poderíamos concluír é que esta imortalidade dos profetas judeus e do pecador da cruz é simplesmente uma excessão que não condiz com o padrão divino para os cristãos no pós-morte. Seriam portanto, pessoas privilegiadas por Deus e o seu estado não serve como um padrão para os demais mortos. Creio que seja um grave erro inferir da alegação de que por estas pessoas supostamente desfrutarem da imortalidade da "alma" que nós estejamos sujeitos ao mesmo princípio. A meu ver, porém, são simplesmente mitos criados sobre a figura "divinizada" de alguns personagens bíblicos como um sinal da aprovação do ministério de Jesus e Sua superioridade sobre as duas maiores autoridades espirituais: Moisés, representante da Lei e Elias, representante dos Profetas, constitindo a divisão básica do cânon judaico.
A conclusão é que se a Bíblia não se contradiz ao falar sobre estas questões, ela prega o mortalismo cristão e que alguns casos são simplesmente uma excessão que não corresponde com o "modelo natural" proposto por Deus assim como Elias e Enoque foram uma excessão ao não experimentarem a morte física. Creio que esta leitura seja possível já que não creio que exista explícitamente uma contradição entre as duas pregações.
Poderia mudar a minha definição de mortalismo cristão de doutrina que nega em qualquer circunstância a existência de uma alma imortal além do corpo físico para doutrina que prega que o modelo divino para a humanidade é a morte e a ressurreição totais do indivíduo.
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Para ser mais curto quando trato deste assunto com inerrantistas e não ter que gastar tempo a analisar contextos "constrangedores" para a minha crença nesta doutrina tão combatida que chamam popularmente de sono da alma apresento este argumento. Me parece que todo meu argumento mostra-se totalmente suficiente para derrubar muitas destas objeções, mas deve-se lembrar que ele se sustenta na alegação teológica de que a Bíblia é inerrante, algo em que não creio. O apresento logo abaixo:
1. Paulo era um profundo conhecedor da doutrina de Jesus;
2. Paulo cria que Jesus era o Messias;
3. Paulo era claramente aniquilacionista;
4. Logo, o aniquilacionismo é verdadeiro.
Creio que os imortalistas concordem comigo quando o que está em questão são as duas primeiras premissas, mas discordam totalmente das minhas afirmações de que Paulo era aniquilacionista e de que este tipo de aniquilacionismo seja verdadeiro. Elas partem da conclusão de que Paulo era aniquilacionista, depois da afirmação de que Jesus pregou o aniquilacionismo eu concluo que o aniquilacionismo é verdadeiro. Existem realmente várias formas de aniquilacionismos, mas isto não vem ao caso. Seria uma perda de tempo neste momento.
Gostaria, entretanto, de fazer uma curta análise das minhas premissas e explicar o porquê delas. Por que escolhi Paulo e não outro escritor bíblico? Primeiramente porquê Paulo era um profundo e muito influente conhecedor da doutrina de Jesus (1), o que é mais claro sobre o problema da morte e o que mais trata sobre esta questão. Embora não tenha tido a mesma relação que os outros apóstolos tiveram com Jesus, Paulo foi o que melhor entendeu sua mensagem. Paulo teve também um profundo relacionamento com os discípulos de Jesus e por isto é bem plausível que ele era conhecedor das afirmações de Jesus que dão vazão a um aparente imortalismo.
Em segundo lugar Paulo cria que Jesus era o Messias (2) e sendo conhecedor de Sua doutrina acerca do pós-morte é bem improvável que ele fosse contra a pregação de seu Mestre. Paulo cria que Jesus era Aquele que revela todos os mistérios, até mesmo quando falamos da morte. Se as pregações de Jesus fossem claramente imortalistas seria totalmente improvável que o apóstolo dos gentios fosse contra elas. Isto seria ir contra a divindade de Cristo. O mesmo se dá se Cristo fosse aniquilacionista. Se Jesus pregasse a ressurreição total do indivíduo dificilmente haveria no discurso paulino algo contra este ensino. A conclusão é que Paulo não possuia motivos para negar uma doutrina de Jesus. Além disso, é necessário reconhecer que todas as narrativas atribuidas a Jesus utilizadas por aqueles que crêem na imortalidade da alma são obscuras e nos permitem mais do que uma leitura. Mesmo que esta idéia do "discípulo rebelde" for cogitada é coerente supor que haveria uma certa aversão por parte dos demais apóstolos de Jesus.
Quanto a minha (polêmica, mas antiga e irritante) afirmação de que Paulo não cria nesta imortalidade natural (3) posso utilizar textos que demonstram isto claramente. São textos que não nos permitem leituras alternativas sem gerar um certo desconforto independente da doutrina da inerrência bíblica ou da hermenêutica forem colocadas em questão. Pode-se dizer resumidamente que Paulo via à morte como um problema e os cristãos atuais a vêem como uma amante.
Oscar Cullmann, protestante francês escreveu no seu livro Immortalité de l’âme ou Résurrection des morts? (Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos?):
"Há uma diferença enorme entre a expectativa cristã da ressurreição dos mortos e a crença grega na imortalidade da alma. . . . Embora o cristianismo mais tarde conciliasse essas duas crenças e hoje o cristão mediano confunda-as completamente, não vejo motivo para se ocultar o que eu e a maioria dos eruditos consideramos ser a verdade. . . . A vida e o teor do Novo Testamento estão totalmente dominados pela fé na ressurreição. . . . O homem inteiro que está realmente morto é trazido de volta à vida por um novo ato criativo de Deus."
Embora, eu discorde de Cullmann em alguns pontos não posso negar assim como vários outros teólogos cristãos não negaram e não negam que a expectativa cristã pela ressurreição descrita na Bíblia descarta totalmente a possibilidade de uma crença na imortalidade natural dos cristãos por parte daqueles que mantiveram tal esperança.
Devemos entender que estamos falando sobre hermenêutica, uma ciência que trata da interpretação dos textos. Ela tem sido utilizada pelos teólogos para se conseguir entender os textos bíblicos. Entre as regras principais desta ciência podemos destacar:
1. O texto deve ser interpretado no seu contexto e nunca isoladamente;
2. Deve-se buscar a intenção do escritor, e não interpretar a intenção do autor;
3. A análise do idioma original (hebraico, aramaico, grego comum) é importante para se captar o melhor sentido do termo ou as suas possíveis variantes;
4. O intérprete jamais pode esquecer os fatos históricos relacionados com o texto ou contexto, bem como as contribuições dadas pela geografia, geologia, arqueologia, antropologia, cronologia, biologia, etc.
Jesus, Paulo e os Saduceus
Creio que os saduceus compõem um grupo muito importante ao tratarmos da crença do Jesus histórico. Não podemos esquecer que estes negavam a ressurreição e o juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo Mt 22. 23-33, At 23. 8, negavam também a existência dos anjos e dos espíritos, At 23. 8. Jesus discorda dos saduceus acerca da ressurreição e dos anjos, mas não do aniquilacionimo. Ele afirma que o estado de gozo não está no pós-morte, mas na ressurreição.
Mateus 22
23. Naquele mesmo dia, os saduceus, que negavam a ressurreição, interrogaram-no:
24. Mestre, Moisés disse: Se um homem morrer sem filhos, seu irmão case-se com a sua viúva e dê-lhe assim uma posteridade (Dt 25,5).
25. Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu. Como não tinha filhos, deixou sua mulher ao seu irmão.
26. O mesmo sucedeu ao segundo, depois ao terceiro, até o sétimo.
27. Por sua vez, depois deles todos, morreu também a mulher.
28. Na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, uma vez que todos a tiveram?
29. Respondeu-lhes Jesus: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus.
30. Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu.
31. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse:
32. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3,6)? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos.
33. E, ouvindo esta doutrina, as turbas se enchiam de grande admiração.
Geralmente alguns imortalistas tentam defender a sua doutrina apelando para os versículos 32 e 33 ou até mesmo para os versículos 37 e 38 do capítulo 20 do Evangelho de Lucas, mas não devemos ignorar o contexto da discussão que envolve Jesus e os saduceus. Jesus está simplesmente transcendendo a perspectiva de que os patriarcas hebreus estavam fadados à morte. O Evangelho de Lucas deixa claro que Jesus ao dizer que eles são considerados "vivos para Deus" quer revelar o status dos mortos salvos porque ressussitarão no último Dia:
"E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos." A mesma linguagem podemos notar em João 11. 26 quando Jesus veio a dizer "e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?". É interessante que Jesus não ensina que todos os mortos "jamais morrerão", mas que apenas os crêem e são herdeiros do Seu Reino.
Um outro possível sinal de que Jesus cria em uma espécie de aniquilacionismo pode-se perceber em João 11. 25: "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá".
Quando falamos sobre a narrativa do rico e Lázaro uma análise competente irá concluir que se trata de uma linguagem simbólica assim como muitas outras utilizadas nas parábolas de Jesus, pois a mesmo apresenta a ressurreição como a forma padrão de se permitir um contato entre os vivos e os que morreram. Lucas 16. 29 diz: "Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite." Alguém pode criar uma explicação alternativa a esta interpretação, mas já que se trata de uma explicação cumulativa acredito que é muito mais coerente.
É interessante olharmos também para o texto de Atos pelo fato dele ser uma continuidade do Evangelho de Lucas, livro que possui alguns relatos utilizados por imortalistas inerrantistas para defender a possibilidade do imortalismo. A divisão dos dois escritos é posterior para a finalidade de distinguir a história de Jesus e a história da Igreja. O livro de Atos já nos apresenta um Paulo aniquilacionista:
Atos 23:
6. Paulo sabia que uma parte do Sinédrio era de saduceus e a outra de fariseus e disse em alta voz.: Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus. Por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos é que sou julgado.
7. Ao dizer ele estas palavras, houve uma discussão entre os fariseus e os saduceus, e dividiu-se a assembléia.
8. (Pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus admitem uma e outra coisa.)
Mais sinais inegáveis do aniquilacionismo paulino:
Romanos 8:
1. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
2. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
11. Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.
1 Coríntios 15
16. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
18. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.
19. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
26. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
29. Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?
32. Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
51. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;
52. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
54. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.
2 Timóteo4
6. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado.
7. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
Dada a pregação paulina daquilo que pode ser chamado de mortalismo cristão ao tomarmos em conta relatos imortalistas como as aparições de Samuel a Saul e de Moisés a Jesus como históricos e interpretarmos também literalmente a promessa de Jesus ao ladrão da cruz o máximo que poderíamos concluír é que esta imortalidade dos profetas judeus e do pecador da cruz é simplesmente uma excessão que não condiz com o padrão divino para os cristãos no pós-morte. Seriam portanto, pessoas privilegiadas por Deus e o seu estado não serve como um padrão para os demais mortos. Creio que seja um grave erro inferir da alegação de que por estas pessoas supostamente desfrutarem da imortalidade da "alma" que nós estejamos sujeitos ao mesmo princípio. A meu ver, porém, são simplesmente mitos criados sobre a figura "divinizada" de alguns personagens bíblicos como um sinal da aprovação do ministério de Jesus e Sua superioridade sobre as duas maiores autoridades espirituais: Moisés, representante da Lei e Elias, representante dos Profetas, constitindo a divisão básica do cânon judaico.
A conclusão é que se a Bíblia não se contradiz ao falar sobre estas questões, ela prega o mortalismo cristão e que alguns casos são simplesmente uma excessão que não corresponde com o "modelo natural" proposto por Deus assim como Elias e Enoque foram uma excessão ao não experimentarem a morte física. Creio que esta leitura seja possível já que não creio que exista explícitamente uma contradição entre as duas pregações.
Poderia mudar a minha definição de mortalismo cristão de doutrina que nega em qualquer circunstância a existência de uma alma imortal além do corpo físico para doutrina que prega que o modelo divino para a humanidade é a morte e a ressurreição totais do indivíduo.
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Deus e o Tempo
Deus e o Universo
O teismo possui a seu favor argumentos cosmológicos como o agumento cosmológico contingêncial:
1. Tudo que existe possui uma explicação para sua existência, seja na necessidade de sua própria existência, seja em uma causa externa.
2. Se o universo possui uma explicação para sua existência, esta explicação é Deus.
3. O universo existe.
4. Portanto, o universo possui uma explicação para sua existência (de 1 e 3).
5. Portanto, a explicação para a existência do universo é Deus (de 2 e 4).
Não podemos esquecer do argumento cosmológico Kalam:
1. Tudo o que começa a existir tem uma causa
2. O universo começou a existir
3. Logo, o universo tem uma causa.
A questão é que quando falamos de um universo (tempo/espaço) vindo à existência do "nada" somos levados a crer consequentemente que sua causa deve transcender tempo, espaço, matéria, ser profundamente poderosa e por fim Pessoal.
Deus e a Escatologia
Muitos ateus afirmam que a crença na Volta de um Deus amoroso e justo é algo totalmente ilusório. Afinal, Cristo nunca vem.
A frustrante e antiga espera cristã pela Volta do Cristo e de outros grupos religiosos pelo "fim do mundo" pode mostrar-se desanimador para um religioso, pois na verdade a história é contra esta idéia. Existe todo um histórico de que a expectativa vivida em anos como 1844, 1914, 2000 e tantos outros é falha que deixa a frustração mais notória. Datas para o "Apocalipse" realmente não possuem mais a mesma credibilidade popular.
A grande responsável por esta frustração é esta pregação da Volta iminente de Jesus e dos "sinais dos tempos" que tem levado vários cristãos à uma alienação. "Deixados Para Trás", o imediatismo e a propaganda dispensacionalista pré-tribulacionista tem infelizmente minado o meio cristão evangélico.
A verdade é que a afirmação teista "Deus virá" não pode ser derrubada com tais frustrações históricas. Suponhamos que daqui a três séculos as pessoas totalmente aborrecidas com tal idéia se sintam mais dispostas à negar tal princípio escatológico dizendo "Deus não veio. A crença de que Ele irá Voltar é falsa!" . O problema com esta afirmação de que algo não irá vir ou acontecer porquê não veio ou aconteceu ainda é que a afirmação contrária nem sempre pode ser derrubada pelo fato do esperado não ter vindo ou acontecido ainda.
Suponhamos (novamente) que um homem tenha que deixar a esposa e defender o seu país em uma guerra e que ao receber cartas dela descobre que a tenha deixado ainda grávida. Suponhamos ainda que este pai não tenha a oportunidade de ver o filho crescer e que escreva ao filho uma carta dizendo que voltaria um dia para conhecê-lo. A afirmação do pai de que irá voltar poderá tornar-se mais implausível por exemplo quando o filho fizer sessenta anos, pois o seu pai provavelmente estará morto. A promessa do pai ao garoto está sujeito ao fator guerra e a uma existência limitada temporalmente, mas o mesmo não ocorre com Deus.
Se tivermos que negar que algo irá ocorrer simplesmente porquê ainda não ocorreu teremos que dizer também que o futuro não existirá, que o Corinthians nunca ganhará uma Libertadores ou que a nossa filha de quatro anos nunca terá idade para se casar. Seria o mesmo que duvidar da alegação de que a primavera vai chegar porquê ela ainda não veio.
A melhor maneira de derrubar a esperança cristã é acrescentado a premissa (1)Deus não existe ou então, (2)Deus não possui motivos para voltar e então apresentar uma justificativa para ela. Mesmo que daqui a três séculos Deus ainda não tenha vindo nunca poderemos conceber que a afirmação Deus virá é falsa, pois estariamos comentendo o erro de limitar Deus ao tempo. A pregação ateista e deista "Deus não veio, logo Deus não vai vir" é claramente uma falácia non sequitur.
Os Judeus e Jesus
É de se estranhar que os argumentos judaicos contra a aceitação de Jesus como o Messias se baseiam essencialmente na limitação dele em Seu ministério messiânico afirmando que Jesus não preencheu todas as profecias pertinentes ao Messias. Não estou aqui, entretanto para defender mitos como o nascimento virginal de Jesus ou o seu nascimento na cidade de Belém, mas daquilo que podemos chamar de Jesus histórico.
Creio que Jesus já nos forneceu evidências suficientes de Sua divindade considerando o argumento ressurrecional como um indicativo de Sua divindade.
Deus e Epicuro
Muitos ateus costumam propor o paradoxo de Epicuro para demonstrar a impossibilidade do Deus cristão com Seus atributos em um mundo onde existe o sofrimento. Existem várias formulações deste falacioso argumento, mas creio que possa demonstrá-lo assim:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Deus não destrói o mal;
3. Logo, Deus não pode ser ao mesmo tempo todo-bondoso, soberano e onisciente.
Este argumento acaba cometendo o mesmo erro anteriormente citado: limitar Deus ao tempo. Ao acrescentar depois das premissas (1, 2) a premissa "Deus destruirá o mal" toda a proposta cai por terra:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Deus destruirá o mal;
3. Logo, Deus pode ser ao mesmo tempo todo-bondoso, soberano e onisciente.
Para usar o próprio argumento contra estes "grandes pensadores" podemos mostrar que ele é um pouco espinhoso para os seus adéptos da seguinte forma:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Somente se pode destruir aquilo que existe;
3. Mesmo sendo Deus todo-bondoso, soberano e onisciente a alegação de que o mal pode vir a existir é justificável.
Talvez alguns creiam que um paradoxo não pode ser assim tão facilmente resolvido, mas é um fato: o paradoxo é uma aberração lógica e devemos tomar cuidado com um tão óbvio argumentum ad antiquitatem. Muita fama, mas nenhuma coerência.
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O teismo possui a seu favor argumentos cosmológicos como o agumento cosmológico contingêncial:
1. Tudo que existe possui uma explicação para sua existência, seja na necessidade de sua própria existência, seja em uma causa externa.
2. Se o universo possui uma explicação para sua existência, esta explicação é Deus.
3. O universo existe.
4. Portanto, o universo possui uma explicação para sua existência (de 1 e 3).
5. Portanto, a explicação para a existência do universo é Deus (de 2 e 4).
Não podemos esquecer do argumento cosmológico Kalam:
1. Tudo o que começa a existir tem uma causa
2. O universo começou a existir
3. Logo, o universo tem uma causa.
A questão é que quando falamos de um universo (tempo/espaço) vindo à existência do "nada" somos levados a crer consequentemente que sua causa deve transcender tempo, espaço, matéria, ser profundamente poderosa e por fim Pessoal.
Deus e a Escatologia
Muitos ateus afirmam que a crença na Volta de um Deus amoroso e justo é algo totalmente ilusório. Afinal, Cristo nunca vem.
A frustrante e antiga espera cristã pela Volta do Cristo e de outros grupos religiosos pelo "fim do mundo" pode mostrar-se desanimador para um religioso, pois na verdade a história é contra esta idéia. Existe todo um histórico de que a expectativa vivida em anos como 1844, 1914, 2000 e tantos outros é falha que deixa a frustração mais notória. Datas para o "Apocalipse" realmente não possuem mais a mesma credibilidade popular.
A grande responsável por esta frustração é esta pregação da Volta iminente de Jesus e dos "sinais dos tempos" que tem levado vários cristãos à uma alienação. "Deixados Para Trás", o imediatismo e a propaganda dispensacionalista pré-tribulacionista tem infelizmente minado o meio cristão evangélico.
A verdade é que a afirmação teista "Deus virá" não pode ser derrubada com tais frustrações históricas. Suponhamos que daqui a três séculos as pessoas totalmente aborrecidas com tal idéia se sintam mais dispostas à negar tal princípio escatológico dizendo "Deus não veio. A crença de que Ele irá Voltar é falsa!" . O problema com esta afirmação de que algo não irá vir ou acontecer porquê não veio ou aconteceu ainda é que a afirmação contrária nem sempre pode ser derrubada pelo fato do esperado não ter vindo ou acontecido ainda.
Suponhamos (novamente) que um homem tenha que deixar a esposa e defender o seu país em uma guerra e que ao receber cartas dela descobre que a tenha deixado ainda grávida. Suponhamos ainda que este pai não tenha a oportunidade de ver o filho crescer e que escreva ao filho uma carta dizendo que voltaria um dia para conhecê-lo. A afirmação do pai de que irá voltar poderá tornar-se mais implausível por exemplo quando o filho fizer sessenta anos, pois o seu pai provavelmente estará morto. A promessa do pai ao garoto está sujeito ao fator guerra e a uma existência limitada temporalmente, mas o mesmo não ocorre com Deus.
Se tivermos que negar que algo irá ocorrer simplesmente porquê ainda não ocorreu teremos que dizer também que o futuro não existirá, que o Corinthians nunca ganhará uma Libertadores ou que a nossa filha de quatro anos nunca terá idade para se casar. Seria o mesmo que duvidar da alegação de que a primavera vai chegar porquê ela ainda não veio.
A melhor maneira de derrubar a esperança cristã é acrescentado a premissa (1)Deus não existe ou então, (2)Deus não possui motivos para voltar e então apresentar uma justificativa para ela. Mesmo que daqui a três séculos Deus ainda não tenha vindo nunca poderemos conceber que a afirmação Deus virá é falsa, pois estariamos comentendo o erro de limitar Deus ao tempo. A pregação ateista e deista "Deus não veio, logo Deus não vai vir" é claramente uma falácia non sequitur.
Os Judeus e Jesus
É de se estranhar que os argumentos judaicos contra a aceitação de Jesus como o Messias se baseiam essencialmente na limitação dele em Seu ministério messiânico afirmando que Jesus não preencheu todas as profecias pertinentes ao Messias. Não estou aqui, entretanto para defender mitos como o nascimento virginal de Jesus ou o seu nascimento na cidade de Belém, mas daquilo que podemos chamar de Jesus histórico.
Creio que Jesus já nos forneceu evidências suficientes de Sua divindade considerando o argumento ressurrecional como um indicativo de Sua divindade.
Deus e Epicuro
Muitos ateus costumam propor o paradoxo de Epicuro para demonstrar a impossibilidade do Deus cristão com Seus atributos em um mundo onde existe o sofrimento. Existem várias formulações deste falacioso argumento, mas creio que possa demonstrá-lo assim:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Deus não destrói o mal;
3. Logo, Deus não pode ser ao mesmo tempo todo-bondoso, soberano e onisciente.
Este argumento acaba cometendo o mesmo erro anteriormente citado: limitar Deus ao tempo. Ao acrescentar depois das premissas (1, 2) a premissa "Deus destruirá o mal" toda a proposta cai por terra:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Deus destruirá o mal;
3. Logo, Deus pode ser ao mesmo tempo todo-bondoso, soberano e onisciente.
Para usar o próprio argumento contra estes "grandes pensadores" podemos mostrar que ele é um pouco espinhoso para os seus adéptos da seguinte forma:
1. Se é Deus todo-bondoso, soberano e onisciente deve destruir o mal;
2. Somente se pode destruir aquilo que existe;
3. Mesmo sendo Deus todo-bondoso, soberano e onisciente a alegação de que o mal pode vir a existir é justificável.
Talvez alguns creiam que um paradoxo não pode ser assim tão facilmente resolvido, mas é um fato: o paradoxo é uma aberração lógica e devemos tomar cuidado com um tão óbvio argumentum ad antiquitatem. Muita fama, mas nenhuma coerência.
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Acerca da Busca Pela Verdade
"O homem é visívelmente feito para pensar; e toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever consistem em pensar corretamente."
"A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pois pensar bem. Nisto reside o princípio da moral."
Blaise Pascal
Tanto teistas quanto ateistas dizem estar à procura da verdade. Um grupo diz estar com esta verdade e outro grupo diz possuí-la. A questão é que todos afirmam que temos um dever para com a realidade. Para ser mais claro, todos afirmam que temos um dever para com a verdade. Isto está tão escancarado na nossa sociedade que geralmente alguns pensadores ateistas nos jogam goela abaixo o "fato" de que Deus não existe e de que a crença religiosa como um todo não passa de mera fragilidade emocional, social e intelectual como se houvesse uma lei natural que nos obrigasse a reconhecer o contrário.
O problema do ateismo a meu ver é que ele aniquila todo o valor que o conhecimento ocupa na mente do homem desde a sua origem. Se Deus não existe valores morais objetivos não existem e nós não temos nenhum dever para com a verdade. Sendo assim mesmo que o ateismo seja verdadeiro nada me faria me sentir obrigado moralmente a reconhecê-lo como tal, pois mesmo que teistas lutassem contra todas as evidências por sua crença não poderia conceber tal ato como menos nobre ou desonesto. Idéias como "você deve ser corajoso e viver destemidamente sem estas bengalas" ou "você não está sendo homem" ou até mesmo "você não está sendo forte" não surtiriam para mim qualquer efeito. O que significaria ser "forte", ou ser "corajoso" neste caso?
O problema do ateismo é que ele mesmo sendo verdadeiro não nos torna moralmente obrigados a reconhecê-lo como tal. O ateismo militante, por assim dizer, é um grande delírio.
Apartir do momento em que não cremos ter um dever para com a verdade não há sentido em se filosofar sobre ela ou sobre qualquer outra coisa. Não há sentido em se perguntar "quid est veritas?" quando não há nenhum valor na verdade.
O cético somente é cético porque acredita que a razão básica de um homem é a busca pela tão frágil verdade, tenta assim protegê-la dos mitos e mentiras que possam corrompê-la.
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"A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pois pensar bem. Nisto reside o princípio da moral."
Blaise Pascal
Tanto teistas quanto ateistas dizem estar à procura da verdade. Um grupo diz estar com esta verdade e outro grupo diz possuí-la. A questão é que todos afirmam que temos um dever para com a realidade. Para ser mais claro, todos afirmam que temos um dever para com a verdade. Isto está tão escancarado na nossa sociedade que geralmente alguns pensadores ateistas nos jogam goela abaixo o "fato" de que Deus não existe e de que a crença religiosa como um todo não passa de mera fragilidade emocional, social e intelectual como se houvesse uma lei natural que nos obrigasse a reconhecer o contrário.
O problema do ateismo a meu ver é que ele aniquila todo o valor que o conhecimento ocupa na mente do homem desde a sua origem. Se Deus não existe valores morais objetivos não existem e nós não temos nenhum dever para com a verdade. Sendo assim mesmo que o ateismo seja verdadeiro nada me faria me sentir obrigado moralmente a reconhecê-lo como tal, pois mesmo que teistas lutassem contra todas as evidências por sua crença não poderia conceber tal ato como menos nobre ou desonesto. Idéias como "você deve ser corajoso e viver destemidamente sem estas bengalas" ou "você não está sendo homem" ou até mesmo "você não está sendo forte" não surtiriam para mim qualquer efeito. O que significaria ser "forte", ou ser "corajoso" neste caso?
O problema do ateismo é que ele mesmo sendo verdadeiro não nos torna moralmente obrigados a reconhecê-lo como tal. O ateismo militante, por assim dizer, é um grande delírio.
Apartir do momento em que não cremos ter um dever para com a verdade não há sentido em se filosofar sobre ela ou sobre qualquer outra coisa. Não há sentido em se perguntar "quid est veritas?" quando não há nenhum valor na verdade.
O cético somente é cético porque acredita que a razão básica de um homem é a busca pela tão frágil verdade, tenta assim protegê-la dos mitos e mentiras que possam corrompê-la.
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Teologia Moderna e a "Heresiologia"
A meu ver a postura adotada pela maioria esmagadora dos teólogos é totalmente inconsistente quando o que se está em questão é a divergência de crenças.
Embora seja aniquilaionista, creia na doutrina da Trindade e na possibilidade de um livre-arbítrio não fico indignado com demais grupos simplesmente porque eles pensam sobre determinada questão diferentemente de mim ou do grupo do qual faço parte.
Muito longe passa de mim a idéia de que algumas destas divergências comprometem inquestionavelmente a salvação ou a espiritualidade de um indivíduo. Nem tento fingir que já manejamos facilmente questões ainda não inteiramente resolvidas na jornada da fé.
Na definição moderna "heresia" pode ser entendida como crença estranha ou não compartilhada. Não creio que grupos "heréticos" não devam levar crédito em suas doutrinas e cosmovisões simplesmente porque são "heréticos". Os "hereges" nem sempre são hereges. Muitas vezes os "hereges" são doutores.
Geralmente temos acompanhado eruditos com muita eloquência demonstrando biblicamente que outros estão errados, mas totalmente incapazes de demonstrar biblicamente que algumas destas divergências são relevantes do ponto de vista social.
A grande pedra em nosso caminho intelectual e social deve ser retirada, heresia da intolerância e do desamor ao próximo. Odium theologicum muitas vezes descenessário.
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Embora seja aniquilaionista, creia na doutrina da Trindade e na possibilidade de um livre-arbítrio não fico indignado com demais grupos simplesmente porque eles pensam sobre determinada questão diferentemente de mim ou do grupo do qual faço parte.
Muito longe passa de mim a idéia de que algumas destas divergências comprometem inquestionavelmente a salvação ou a espiritualidade de um indivíduo. Nem tento fingir que já manejamos facilmente questões ainda não inteiramente resolvidas na jornada da fé.
Na definição moderna "heresia" pode ser entendida como crença estranha ou não compartilhada. Não creio que grupos "heréticos" não devam levar crédito em suas doutrinas e cosmovisões simplesmente porque são "heréticos". Os "hereges" nem sempre são hereges. Muitas vezes os "hereges" são doutores.
Geralmente temos acompanhado eruditos com muita eloquência demonstrando biblicamente que outros estão errados, mas totalmente incapazes de demonstrar biblicamente que algumas destas divergências são relevantes do ponto de vista social.
A grande pedra em nosso caminho intelectual e social deve ser retirada, heresia da intolerância e do desamor ao próximo. Odium theologicum muitas vezes descenessário.
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