terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Porquê a Religião Não é Necessariamente Má

Existem vários humanistas que apegados ao seu secularismo opõem-se fervorosamente ao teismo afirmando que a religião é essencialmente violenta e uma forma de exploração popular. Que a religião é utilizada para a prática violenta e para a exploração não há dúvida alguma. Mas creio que a afirmação de que a religião é necessariamente uma forma de alienação social é muito ousada, pois mesmo que todas as religiões do mundo estimulassem a violência, a exploração e várias outras práticas tidas como negativas ainda assim não teriamos poder para afirmar que a religião não pode em qualquer caso fazer o bem, ou até mesmo que seja provávelmente tendenciosa para algo mal. Isto iria simplesmente significar que a maioria das pessoas a utilizaria para fins não muito corretos. As esferas políticas, famíliares, socias, etc. estão sujeitas ao mesmo problema e não podemos inferir que todas elas não necessariamente negativas. Elas podem ser tanto utilizadas para o bem quanto para o mal.

Lógicamente a objeção destas pessoas não se concentra meramente na afirmação de que a religiosidade leva à violência e à exploração, mas também na crença de que estas coisas são más. A simples alegação de que a religião gera alienação não seria suficiente para revelar a sua negatividade:

a) A religião gera necessariamente a violência e a exploração;
b) Logo, toda religião é má.


Nem todas as formas de religião geram estes desajustes sociais. A primeira premissa é falsa se quiser alegar isto. Além disso, nós damos um grande salto entre ela e a conclusão ao desconsiderar uma premissa oculta, pois elas somente serão coerentes se nós revelarmos uma premissa que nos leva ao argumento moral tanto utilizado pelo teísmo:

a) X gera a violência e a exploração;
b) A violência e a exploração são coisas más;
c) Logo, x é mal.


Se o ateísmo é verdadeiro a conclusão a que chegamos é a de que a violência e a exploração não podem ser coisas objetivamente negativas, mas simplesmente práticas desagradáveis ou socialmente impopulares. Seria o mesmo que alguém propor:

a) A religião é amarela;
b) Logo, toda religião é má.


Para que uma coisa possa ser má é necessário que Deus exista. Sou levado então a crer que a religião não é necessariamente má.

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Um comentário:

  1. Na minha opinião, a religião em si não é necessariamente má.
    Confesso que não conheço esses humanistas que defendem essa teoria, mas o que eu conheço são filósofos que criticam o tipo de alienação que é feita pela religião.

    Não haveria problema algum com a religião se as pessoas soubesse tem senso crítico e ser um pouco mais imparciais com relação as coisas que lhe são impostas.
    É motável que a religião prega condutas morais e valores sociais que são muito importantes para a sustentação da nossa sociedade, isso é inquestionável. Até Nietzsche, um dos maiores críticos à religião, se não o maior, reconhece isso, e defende que o que é preciso é que as pessoas tenham menos preguiça de pensar e se tornem mais racionais, imparciais e menos covardes.

    Se isso acontecesse, a religião não teria o domínio de massa alieda que ela tem hoje, se as pessoas tivessem essa mentalidade crítica de analisar aquela crença que lhe é passada, é bem provável que elas saberiam separar a parte boa e a parte ruim, por assim dizer, de todo tipo de crença, e as barbaridades que ja aconteceram em nome de Deus, principalemente graças a igraja Católica, não teriam acontecido.

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